As TIC na formação

As novas tecnologias de informação e comunicação na formação

Pretende-se com este artigo identificar as principais tecnologias utilizadas em formação, reconhecer as principais caraterísticas da Internet aplicada à formação, identificar as principais tecnologias utilizadas na formação a distância, reconhecer as principais vantagens decorrentes da utilização das novas tecnologias na formação, identificar os pontos fortes e os pontos fracos da utilização da Internet nos sistemas de formação a distância e – identificar as técnicas utilizadas na realização de conferências a distância.

Os recursos da Internet

Conceito de Internet

Ao abordarmos as novas tecnologias, temos necessariamente que nos centrar também na Internet que tem contribuído para o desenvolvimento de uma nova modalidade de formação – a formação a distãncia, e-learning, ou formação on-line. Possibilita uma interação cooperativa ou colaborativa através de ferramentas (chat’s, fóruns, correio eletrónico, videoconferência…) que permitem aos formandos e formadores “construir” e partilhar conhecimentos e experiências.

A INTERNET pedagogicamente proporciona também, aos diversos intervenientes, a possibilidade de acederem a informação que apresenta não ter limites. Na formação on-line, é dada a possibilidade aos formandos de serem eles próprios os mentores do seu conhecimento. Conceptualmente, Internet é a abreviatura do conceito «Internetwork System» – sistema de inter conexão de redes de comunicação.

É constituída por milhares de redes de âmbito internacional e nacional, onde se comunica através de uma linguagem comum, normalmente designada de protocolo.

A internet como fonte de informação

A Internet é sem dúvida o maior centro de informação do mundo. A seleção da informação é facilitada por motores de busca, onde basta introduzir uma palavra associada à temática que pretendemos investigar para que todas as páginas que contenham a palavra que se procura fiquem disponíveis e prontas a ser consultadas.

A informação a que podemos aceder pode assumir as mais variadas formas: textos simples, extratos de bibliografias, bibliografias integrais, filmes, vídeos, sons, etc.

A Internet é uma forma de comunicação rápida, que permite o transporte de grandes quantidades de informação, de indivíduo ou organização para indivíduos ou organizações.

Há quem compare a Internet a uma revista eletrónica, para a qual colaboram milhões de pessoas. Os assuntos possuem links (hiperligações) que nos direcionam para outros, relacionados com o que estamos a explorar. É com relativa facilidade que o formador pode aceder a bases de dados onde pode encontrar revistas e livros eletrónicos, bibliotecas virtuais, documentos e publicações, fotos,…

Desde que a informação o permita, podemos fazer o chamado download para o nosso computador, sem estarmos a violar o conceito de «copyright». Poderá também encontrar vários tipos de software.

Correio eletrónico (E-Mail)

A função do E-mail é muito semelhante à da tradicional carta. Há um remetente e um destinatário. O processo de distribuição é que difere – a informação é trocada de computador para computador. Através dos E-mail, podemos trocar a informação escrita, como se de um fax se tratasse e, podemos também, fazer transferência de todo o tipo de ficheiros.

Trata-se de um processo privilegiado de troca de informação, do qual destacamos as seguintes vantagens:

  • Podemos trocar informação com os formandos, em escassos minutos;
  • Uma mensagem enviada por este meio não requer atenção imediata, como aconteceria num telefonema. O formando pode analisar o seu conteúdo em qualquer momento já que está sempre disponível;
  • Enviar uma mensagem por este meio torna-se menos dispendioso, do que por qualquer outro.

Conversar com utilizadores on-line (chat)

A Internet permite sistemas de comunicação imediata, semelhantes às do telefone. A sua grande diferença reside na forma – o meio utilizado é a escrita e não a fala.

Ao serviço disponibilizado pela Internet para este efeito dá-se o nome de IRC (Internet Relay Chat). Com esta solução torna-se possível comunicarmos em simultâneo com outra pessoa. Sempre que se escrever uma mensagem, ela surge automaticamente no monitor do destinatário e vice-versa. Além da forma escrita, atualmente a rede, permite já a incursão de voz e vídeo nas mensagens.

Grupos de discussão e fóruns

A Internet é também o meio ideal para a partilha de interesses. Permite que grupos de pessoas debatam e discutam assuntos que lhes sejam comuns. Aqui o processo de comunicação não difere muito do típico E-mail. A principal diferença reside na possibilidade de envio da mensagem para mais de um receptor.

Topo | Índice

Plataformas de E-Learning

A Internet na formação à distância

É indiscutível que a principal vantagem no uso da Internet, reside na «informação» e na forma como facilmente no servimos dela.

plataformas de e-learning

No entanto não podemos ignorar outro tipo de vantagens que lhe são apontadas onde ela assume um papel de excelência – o ensino/formação a distância suportado na totalidade pela Internet:

  • Permite reduzir ou eliminar as deslocações físicas de pessoas e meios no processo de formação;
  • Reduz substancialmente os tempos de difusão, distribuição e atualização da informação;
  • Um tutor pode assegurar um curso frequentado por várias centenas de formandos;
  • A introdução de cursos na Web retira a necessidade de se estabelecer a formação num local específico;
  • Os formandos podem visualizar o material disponível em qualquer altura, necessitando para isso apenas de um simples PC ligado à Internet;
  • O conhecimento é distribuído em larga escala (para o mundo inteiro);
  • Economia nos recursos necessários para reunir fisicamente formandos e formadores;
  • Redução dos custos de distribuição, pois pela Internet não há custos de impressão e transporte;
  • Existe a possibilidade de atualizar as matérias em qualquer altura, ficando imediatamente disponíveis aos utilizadores;
  • Torna-se fácil ao participante dar o seu «feedback»;
  • Podem criar-se Salas de Produção, onde os formandos podem depositar os seus trabalhos (exercícios, artigos, roteiros de seminários e, eventualmente, provas) para a avaliação posterior do formador.
  • Requer o uso de tecnologia específica e nem todos estão abertos à sua introdução nos sistemas de formação. Os métodos de comunicação e navegação utilizados na Internet podem ser ainda complicados para muitas pessoas, o que exige que os potenciais utilizadores alterem todo o seu método de estudo.
  • Dada a sua imensa diversificação, torna-se difícil validar e autenticar toda a informação disponível, pelo que caberá ao formador dar orientações precisas, no sentido de objetivar essa mesma informação.
  • A Internet convida o formando a «navegar», o que o poderá fazer perder o verdadeiro objetivo do curso ou da pesquisa.
  • Apesar da sua larga abrangência, o acesso à Internet ainda não é universal.
  • Inexistência de relações face a face.
  • A reduzida confiança neste tipo de estratégias formativas por parte de educadores, responsáveis de instituições e até alguns grupos-alvo mais conservadores e resistentes à inovação.
  • A imagem da formação a distância algo desacreditada, pela sua identificação com o ensino por correspondência “comercial”.
  • A aquisição do equipamento necessário, pode constituir um investimento inicial relativamente elevado.

O que é uma Plataformas de e-learning

Uma plataforma de e-learning é um software composto por diversas ferramentas facilitadoras da aprendizagem – quer disponibilizando conteúdos, quer disponibilizando ferramentas de comunicação e de interação: chat’s, fóruns de discussão, caixas de correio, maillings lists,…, e que se serve da rede INTERNET.

Numa plataforma vulgar podem considerar-se pelo menos três níveis de utilizadores: o administrador, que se responsabiliza pela manutenção do servidor; o formador ou tutor, que implementa a estrutura de aprendizagem previamente definido; e o formando, o utilizador directo.

Caraterísticas de uma plataforma de e-learning

  • Uma plataforma deve possibilitar uma utilização extremamente simples e intuitiva, que não requeira muitos conhecimentos de informática. Deve possibilitar a atualização da informação, de forma acessível e rápida.
  • A arquitetura deve permitir a interatividade entre os diversos intervenientes. Deve facultar a existência de conversas em tempo real e também em tempo não real. Deve possuir um interface gráfico acessível, que possibilite a integração de elementos multimédia (textos, sons, gráficos, vídeos, animações,…).
  • O sistema deve possuir instrumentos que facilitem a navegação.
  • No registo de presenças, as entradas, as saídas e outras ações realizadas por qualquer utilizador deverão ser registadas e ficar disponíveis de várias formas. Esta funcionalidade é importante para o tutor, mas pode também ser importante para efeitos de certificação da formação.
  • Deve possibilitar a criação de um correio interno, para o intercâmbio de mensagens que facilitem a relação formando-formando e formando-tutores. O correio interno deve permitir ainda o envio de ficheiros, contendo por exemplo, trabalhos dos formandos.
  • Deve permitir o acompanhamento do progresso da aprendizagem do formando, pelos responsáveis da formação, facultando o acesso ao resultado de exercícios, a testes de autoavaliação e à participação dos formandos (através das diversas ferramentas de comunicação).

Topo | Índice

Sistemas de Multimédia

Para além da Internet, os exemplos mais comuns de sistemas multimédia surgem-nos em formato de CD-Rom, DVD ou aplicações on-line e combinam componentes de áudio e vídeo, de forma a criar aplicações interativas que utilizam texto, som e gráficos (imagens paradas, animadas e sequências de vídeo).

Por exemplo, uma base de dados multimédia de instrumentos musicais permite ao utilizador não só procurar textos sobre um determinado instrumento, mas também ver imagens que o retratam e ouvi-lo a tocar uma peça musical.

A novidade destes sistemas reside na interação que proporcionam ao utilizador. Passa a haver uma sinergia maior na relação homem-máquina. Aquando da utilização destas tecnologias, ao formador cabe o papel de tutorar a aprendizagem – que passa a ser delineada ao estilo do próprio formando.

Atualmente existem diversas aplicações pedagógicas on-line, a que os formadores podem aceder, com contributos para o desenvolvimento das suas competências.

Eis alguns exemplos:

  • http://certifica.dgert.gov.pt/ – O site da DGERT (Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho), tem acesso a informação sobre a atividade dos formadores e das entidades certificadas para organizarem cursos de formação profissional.
  • www.iefp.pt – O site do IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional) dispõem de informação relativa a emprego e formação profissional.

Cuidados a tomar quando concebemos sistemas multimédia:

  • traçar cuidadosamente os objetivos;
  • selecionar as estratégias de formação a utilizar;
  • selecionar os média mais adequados;
  • testar (nem que seja de forma virtual) o sistema concebido.

Principais vantagens decorrentes do uso de sistemas multimédia:

  • melhoria na qualidade da formação, pela adaptação às novas tecnologias;
  • aumento da motivação, devido à sua interatividade.

Principais desvantagens decorrentes do uso de sistemas multimédia:

  • Exigem conhecimentos técnicos específicos tanto a formandos como a formadores;
  • Requerem a existência de equipamento técnico com algumas especificidades;
  • Requerem a intervenção de pessoas altamente especializadas, aquando da sua concepção;
  • Custos elevados.

O COMPUTADOR

A utilização do computador na formação não se resume à navegação na Web. São inúmeras as vantagens que lhe são apontadas, em especial porque este instrumento tecnológico possibilita a aplicação de novas metodologias formativas:

  • Facilidade no envolvimento do formando no processo de aprendizagem;
  • Possibilidade de ser o formando a definir o seu ritmo de trabalho, ao possibilitar o acesso à informação de uma forma fragmentada;
  • Interatividade do formando com a máquina, em especial com o recurso às ferramentas de hipertexto e hipermédia;
  • Flexibilidade. O computador permite a navegação na Web, efetuar processamento de texto, realizar folhas de cálculo, bases de dados, apresentações eletrónicas, etc…
  • Motivação, provocada especialmente pela curiosidade e pelo aspeto lúdico proporcionado pelo computador.

O computador possibilita ainda:

  • A melhoria da qualidade dos trabalhos escritos;
  • O armazenamento dos trabalhos efetuados, com alguma facilidade;
  • O acesso fácil à informação armazenada;
  • A possibilidade de efetuar apresentações eletrónicas;
  • A possibilidade de introduzir gráficos, cores e som à instrução.

As principais dificuldades na utilização do computador, advêm certamente da possível falta de conhecimentos da parte dos utilizadores (sejam eles formandos ou formadores), o que os impossibilita de rentabilizarem devidamente o uso deste poderosíssimo recurso.

A tecnologia DVD também pode ser utilizada a partir de sistemas informáticos. Basta para isso que o computador se encontre munido de um DVD-Rom. Estes leitores são capazees de ler a uma velocidade superior a 1Mega/seg.

Existem discos de DVD-Rom de várias capacidades, que podem variar de 1,4 GB até 17 GB. Estes aparelhos lêem CD’s musicais e CD-Rom’s, tal como os vulgares leitores de CD-Rom.

Para que o computador consiga ler DVD’s terá que estar munido do software apropriado que permita descodificar o formato de vídeo MPEG-2 e o sistema de som Dolby Digital.

TELEVISÃO

O uso da televisão tem vindo a progredir nas novas estratégias de formação. Além da tradicional utilização que lhe é dada na formação em sala, recorresse a este equipamento em videoconferências e em formas de ensino unilaterais, semelhantes aos da radiodifusão, como é o caso da Universidade Aberta – onde não existe interação simultãnea, isto é, o emissor ou locutor, não estabelece em tempo real, qualquer tipo de relação com os seus recetores.

HIPERTEXTO E HIPERMÉDIA

Hipertexto – assemelha-se a texto normal. A sua principal diferença reside na possibilidade de estabelecer ligações (links) dentro do documento e também para outros documentos. Para além dos formatos da Web, podemos encontrar esta forma de apresentação da informação em CD-Rom – como acontece, por exemplo, nas enciclopédias digitais à venda no mercado.

Hipermédia – é hipertexto com uma diferença – para além de conter ligações para outros documentos de texto, contém também ligações a som, imagens e filmes. A hipermédia limita-se a combinar hipertexto com multimédia. Quando o formador selecciona manuais em formato CD-Rom ou sítios da Web, para indicar ao formandos como centros de informação, deve escolher aqueles que apresentem uma maior flexibilidade. Esta flexibilidade é importante para que o formando, ao consultar os materiais disponibilizados, se sinta confortável ao «navegar» através da extensa rede de relações.

Considerando a hipermédia, como uma ferramenta de aprendizagem particularmente informal, podemos assumir que conduz a um elevado grau de motivação do formando, provocada pela variedade de elementos informativos que este vai encontrando na sua navegação pela rede.

VIDEOCONFERÊNCIA

Este sistema consiste em fazer chegar informação, em simultâneo, a diversos pontos remotos. Permite que, tanto formadores como formandos, intervenham nos seus papéis sem estarem sujeitos a grandes deslocações.

Por serem sistemas remotos exigem a aplicação de estratégias pedagógicas interativas, que levem os formandos a participar ativamente. Incentivar a discussão sobre um tema, introduzir exemplos práticos, servir-se de experiências reais, são exemplos que poderão ser seguidos no sentido de aumentar a motivação.

Estratégias formativas no desenrolar de uma videoconferência

A – Expectativas

A expetativa natural do formando é a de que irá encontrar, neste tipo de sessão, algumas semelhanças com a radiotelevisão, o que o levará a ficar numa situação passiva. Há que reverter esta situação. Um comentário no início da sessão pode ajudar os formandos a entender como funciona este sistema.

O formador terá que incentivar os formandos recorrendo a experiências ativas. Começar uma sessão com uma discussão, ajuda a afastar a passividade.

B – Empenhar os formandos com variedade e interação

Deve incorporar-se alguma variedade e dinâmica no seu processo para manter um elevado grau de interesse e motivação. Deve-se recorrer ao uso de imagens pertinentes ou sons para ilustrar os seus pontos de vista. Convidar outros especialistas nas matérias, reforça ideias e proporciona novas perspetivas sobre o assunto em análise.

C – Reduzir distrações

Ao fazer-se uso de alguma dinâmica, estar-se-á a contribuir para a redução de distrações. Deve fazer-se uso dos métodos e técnicas pedagógicas de que se tem conhecimento.

D – Encorajar o diálogo

Deve criar-se atividades que levem os formandos a participar e a fazer uso da palavra.

Topo | Índice

Conclusão

  • Os recursos didáticos descritos são sinónimo da evolução dos sistemas de formação mas, só por si, são limitados. O formador ou tutor continua a ser a peça fulcral de qualquer sistema;
  • A Internet é a rede de todas as redes, permite a partilha de informação remota com qualquer ponto do mundo. Ao nível da formação, em especial, a distância, a Internet possibilita não só a troca de informação, como também a aproximação das relações formando-formando e formando-formador;
  • Os sistemas multimédia conjugam a utilização de várias formas de “média” para a apresentação da informação. Conjugam som, imagens, cor, movimento, etc;
  • A utilização do computador na formação não se resume à navegação na Web. São inúmeras as vantagens que lhe são apontadas, em especial porque este instrumento tecnológico possibilita a aplicação de novas metodologias formativas;
  • A televisão não serve só para exibir videogramas – é também utilizada em videoconferências no contexto de formação;
  • A Internet oferece um leque de vantagens muito satisfatório para os sistemas de ensino a distância;

Topo | Índice

A seguir: Selecionando os recursos didáticos apropriados »

ÍNDICE DO MANUAL DO FORMADOR