Avaliação da Formação

Avaliar o Sistema de Formação

Avaliar o sistema de formação consiste em fazer incidir a avaliação não só sobre as aquisições de conhecimento e competências por parte dos formandos, mas também sobre os restantes elementos desse mesmo sistema, entre outros refiram-se:

  • o levantamento de necessidades de formação;
  • o conteúdo programático;
  • os fins e os objetivos da formação;
  • os métodos e técnicas pedagógicas;
  • o desempenho de formadores;
  • o desempenho dos agentes coordenadores e gestores;
  • o sistema de avaliação da aprendizagem;
  • os resultados da formação.

O controlo de qualidade do sistema de formação deve ser efectuado através de intervenções periódicas ou de emergência, para se manter sob controlo a qualidade deste mesmo sistema, na sua complexa totalidade.

Ao avaliarmos o sistema de formação medimos a eficácia e eficiência de cada componente do ciclo de formação:

  • conceção do sistema;
  • gestão do sistema;
  • organização / coordenação das acções de formação;
  • animação da formação;
  • acompanhamento e avaliação da formação.

A avaliação do sistema da formação pressupõe a existência de referenciais e/ou critérios, definidos à priori, que constituem os indicadores para o acompanhamento e controlo do processo. Por isso, é essencial que se implemente uma avaliação do sistema de formação que permita uma melhoria contínua.

CONTROLAR O SISTEMA DE FORMAÇÃO

O controlo da formação antecede a avaliação.

Quer se trate de aspetos ligados à qualidade de formação quer de aspetos quantitativos acerca do esforço de formação efetuado ou previsto há a necessidade de traduzir estas grandezas através de valores que indiquem o seu grau de realização – falamos dos diversos indicadores da formação.

O «controlo» da formação possibilita reagir, se possível em antecipação, à evolução da atividade, através de ações corretivas que reorientam a atividade e consequentemente os seus resultados no sentido da maior eficácia, face aos objetivos traçados.

Algumas das vantagens importantes na utilização da informação trabalhada na fase da avaliação, permitem:

  • Clarificar e explicitar objetivos e responsabilidades ajudando o gestor de formação a situar-se em cada momento;
  • Mensurar objetivos, resultados da ação, desvios, evoluções, tendências e até caraterização de exceções;
  • Estabelecer o diálogo entre todos os intervenientes na formação e responsáveis pela gestão em geral, centrando-se em bases concretas e objetivas;
  • Facilitar a formulação de «contratos» de responsabilidades e de resultados a atingir, e permitir o seu acompanhamento e controlo em termos claros e do conhecimento de todos;
  • Proporcionar um meio de comunicação com o exterior possibilitando o conhecimento da dimensão da atividade e dos seus custos, bem como a comparação com organizações afins;
  • Auxiliar na pesquisa e análise dos motivos de insucesso;
  • Melhorar a função de planeamento em geral, nomeadamente os seus aspetos metodológicos;
  • Contribuir para a normalização de terminologia e a uniformização de procedimentos;
  • Evidenciar a necessidade de articulação entre a informação que carateriza os meios da organização, especialmente no sentido do reforço da eficácia e objetividade.

A avaliação de subsistemas de formação

Os métodos de avaliação permitem medir e estimar o grau de realização dos objetivos de formação daí resultando, eventualmente, a introdução de ações corretivas.

A utilização dos resultados da avaliação em cada etapa do processo ajuda a desenvolver um espírito crítico e construtivo de quem coordena. A título de exemplo indicam-se componentes de sub-sistemas de formação sujeitos a avaliação e que estão mais próximos do formador:

  • avaliação do levantamento de necessidades de formação;
  • avaliação dos conteúdos programáticos e dos objetivos da formação;
  • avaliação dos métodos pedagógicos;
  • avaliação do desempenho dos formadores;
  • avaliação da aprendizagem.

AVALIAÇÃO DO LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE FORMAÇÃO

O levantamento de necessidades de formação assenta, no estudo das necessidades formativas do potencial público-alvo, que poderá efetuar-se a vários níveis. Por exemplo, no âmbito regional, se considerarmos a formação com um caráter mais abrangente, ou no âmbito mais restrito, ao nível das necessidades da empresa e de uma função profissional.

A avaliação incide sobre a eficácia das várias metodologias e técnicas que podem ser utilizadas (observação, questionário, entrevista, testes, etc.) na deteção das necessidades de formação, assim como de todo o processo delineado para a implementação das mesmas.

AVALIAÇÃO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS E DOS OBJETIVOS DA FORMAÇÃO

Os conteúdos programáticos dão resposta às necessidades detetadas e procuram atingir os objetivos inicialmente traçados. No entanto, será errado pensarmos que, depois de definidos, nem os conteúdos nem os objetivos podem sofrer alterações.

Cabe aos diversos intervenientes do processo formativo criarem formas que permitam avaliar a eficácia destes fatores. Há que avaliar constantemente a consonância dos conteúdos e dos objetivos traçados, no sentido da satisfação das necessidades formativas aferidas, aquando do levantamento de necessidades de formação.

AVALIAÇÃO DO MÉTODO PEDAGÓGICO A UTILIZAR

Trata-se de avaliar o caminho a seguir para a concretização dos objetivos.

Consiste em fazermos uma avaliação aos diversos métodos e técnicas pedagógicas e à sua adequabilidade, em função dos objetivos que pretendemos atingir, e do público-alvo a que se destinam.

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS FORMADORES

Ao formador cabe um dos papéis mais importantes do processo formativo. É ele quem avalia saberes, quem proporciona a facilitação da aquisição de saberes e quem mantém um relacionamento mais próximo dos formandos.

Avaliar estes intervenientes do processo não passa apenas pela avaliação administrativa de documentos. Através da análise curricular e de uma entrevista, é possível recolhermos algum conhecimento mais pormenorizado dos candidatos relativamente às suas aptidões, adequabilidade da sua personalidade, dimensão dos seus interesses, motivo da sua candidatura, etc…

Avaliar os formadores passa fundamentalmente pela avaliação do seu desempenho. O objetivo fundamental da avaliação de desempenho é estimar ou julgar o valor e a excelência. Esta tarefa deve abranger todo o contexto em que se planeiam e realizam as ações de formação profissional, as condicionantes ambientais, os procedimentos, os elementos humanos, etc.

Benefícios fundamentais da avaliação de desempenho dos formadores:

  • permite aos gestores da formação a medição do potencial humano da equipa de formadores de que podem dispor;
  • permite também que o formador tenha alguns referenciais sobre a sua atuação.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A avaliação da aprendizagem visa determinar em que medida os objetivos pedagógicos traçados inicialmente, foram atingidos por cada um dos participantes. São inúmeras as técnicas utilizadas para aferir em que medida a aprendizagem conseguida coincide com os objetivos delineados:

  • Observação;
  • Formulação de perguntas (avaliação oral ou escrita);
  • Medição (avaliação de trabalhos práticos);
  • Estudo de casos.

Ao avaliarmos esta componente temos de ter a preocupação permanente em apurar qual das técnicas traduz melhor o aproveitamento dos formandos. Ver lista de artigos sobre avaliação da aprendizagem.

Instrumentos de avaliação da formação

Apresentamos um conjunto de questões colocadas antes de se tomar qualquer decisão acerca das metodologias e técnicas de avaliação a implementar e antes de se iniciar a formação.

Devem ser identificados os objectivos para cada um dos momentos de avaliação a desenvolver:

  • O que se pretende avaliar (pretende-se que sejam identificados os “objetos” / dimensões a avaliar)?
  • Que questões de avaliação deverei efetuar para cada um dos objetos / dimensões a avaliar (estas questões permitem identificar com facilidade quais os critérios de avaliação a utilizar)?
  • Que indicadores de avaliação poderei estabelecer para cada um dos critérios identificados?
  • Que fatores deverei implicar no processo e a que estratégias, para respetivo envolvimento, poderei recorrer?
  • Que instrumentos de avaliação poderei utilizar?
  • Quando deverei aplicar os instrumentos de avaliação?
  • Quem deve receber os resultados avaliativos?
  • Como deverei apresentar os resultados da avaliação?

Avaliação ex-ante (ou inicial quando prevista): O que será importante avaliar a montante da realização da formação?

Avaliação on-going (quando prevista): O que será pertinente avaliar aquando da realização da formação?

Avaliação ex-post: O que será importante avaliar após a conclusão da formação? Apenas aquisição de conhecimentos? Ou também impactes após a fase da transferência dos novos saberes para os contextos reais de trabalho?

E este foi o último artigo da série MANUAL DE FORMAÇÃO. Esperarmos ter contribuído de alguma forma para o seu sucesso como formador.

MANUAL DE FORMAÇÃO