Grupo e Liderança: Dinâmica dos grupos e estilos de liderança

O objetivo deste artigo, grupo e liderança, é identificar os principais fenómenos que ocorrem no seio do grupo e identificar os estilos de liderança do formador, assim como os seus efeitos na prática pedagógica.

Neste artigo:

O que é um grupo

Enquanto ser gregário, o Homem vive em relação com os seus semelhantes, relações essas que podem ocorrer de várias formas e em diversos contextos. Em função dessas relações, os indivíduos aglomeram-se em grupos. Um grupo é constituído por diferentes pessoas que partilham os mesmos objetivos e necessidades.

Os elementos do grupo regulam as suas interações adoptando as mesmas crenças, normas, regras e padrões de comportamento. Só assim é possível existir interdependência e cooperação, de modo a se atingir os objetivos ou satisfazer as necessidades do grupo.

Todas as pessoas pertencem a um número considerável de grupos: o departamento da empresa, a família, os amigos, os vizinhos, a equipa de futebol, os escuteiros, o partido político, etc, etc.

O indivíduo comporta-se como membro de um grupo desde que tenha consciência que partilha dos mesmos valores, regras e objetivos, caraterísticos dos outros elementos que formam o grupo.

Não é preciso conhecer todos os adeptos do clube de futebol para sentirmos “que é o nosso clube”, e comprar o respetivo emblema. Basta reconhecermo-nos como adepto, como membro desse grupo.

Todos os pequenos grupos, enquanto entidade viva e dinâmica, evoluem, ultrapassando diversas etapas ou fases de desenvolvimento durante o seu período de vida.

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O grupo na formação

O grupo é uma realidade poderosa nas situações formativas. O formador necessita de saber lidar com essa realidade.

As funções do formador são as de regular as atividades do grupo, canalizar as suas energias, garantir um clima propício à aprendizagem.

As técnicas de trabalho em grupo permitem, ainda, desenvolver as capacidades de comunicação dos formandos. No grupo desenvolve-se maior número de interações verbais e são os formandos os atores dessas interações.

As atividades que um grupo de formação realiza contribuem para a produção de novos saberes, para novas práticas e para o desenvolvimento de cada elemento desse grupo.

O que se sabe sobre os grupos

Um grupo de trabalho intelectual produz resultados superiores aos que um elemento médio do grupo produziria. O grupo tem ao dispor maior número de informações, maior variedade de ideias, e a discussão dessas ideias gera novas ideias.

Os indivíduos que trabalham em grupo aprendem mais do que sozinhos. Este facto deve-se à sinergia, à osmose social ( tendência para aceitar as regras do grupo) e ao acréscimo de ideias a circular. Memoriza-se melhor o que se aprende em grupo.

As decisões tomadas em grupo tendem a tornar-se comportamentos estáveis. (Lewin, 1940).

Condições de eficácia dos grupos

A qualidade do trabalho de grupo aumenta até um certo número de participantes (quatro, cinco, elementos). Depois, se o número aumentar, a eficácia diminui.

A maturidade de cada elemento não basta para o grupo ser maduro. O formador tem de assegurar os processos de amadurecimento do grupo, enquanto tal. A igualdade de participação de todos os elementos tem de ser mantida pelo formador e por processos internos de funcionamento. A livre comunicação de ideias tem de ser garantida.

Atividades de grupo

Existem várias formas de organizar as atividades de formação em grupo.

Apresentam-se, a seguir, as mais habituais:

  • grupo simples / mesma tarefa – todos os grupos realizam a mesma proposta de trabalho. As diferentes abordagens vão enriquecer o trabalho final;
  • grupo / multifunção – cada elemento do grupo realiza uma tarefa que faz parte de uma atividade do grupo, mais complexa, articulada a outras atividades de outros grupos;
  • grupo / tarefas diferentes – num projeto, cada grupo realiza atividades que vão ter significado, quer durante o processo, quer na fase final do projecto.

Podem ainda utilizar-se as energias do grupo para aperfeiçoar atividades ou soluções para problemas. Cada grupo vai, sucessivamente, experimentar melhorar as soluções propostas por um outro grupo. O mesmo acontece com o grupo de formação. Na 1ª etapa, que poderemos designar a génese do grupo, o conjunto de formandos não é muito mais do que um aglomerado de pessoas.

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Funções do grupo e papel do formador

As funções do grupo podem ser:

  • Funções Externas – Intercâmbio com o meio ambiente envolvente (a empresa, a instituição organizadora, etc.).
  • Funções Internas – Relação entre os diversos membros do grupo.
Os grupos adquirem uma dinâmica própria. Cabe ao formador saber geri-la.

Funções internas do grupo (focalizemo-nos apenas nestas funções):

  • Função de Produção: Prossecução dos objetivos delineados pelo desenvolvimento e concretização das atividades e tarefas. O papel de Animador ou Formador relativo a esta função, consiste em garantir que os objetivos foram compreendidos e aceites pelos diversos membros do grupo e dirigir o grupo para o esforço de os atingir.
  • Função de Facilitação: Estabelecer as normas de funcionamento e as regras de comportamento, de forma a reger os desempenhos de modo a facilitar a realização dos objetivos do grupo. O Animador ou Formador deve assegurar o desempenho dos papéis definidos por cada membro, e gerir os meios necessários à execução desses papéis.
  • Função de Regulação: Regulação das trocas interpessoais e dos conflitos. Ao animador/formador cabe gerir a vida interna do grupo, a comunicação interna, de modo a salvaguardar a união e a cooperação no seio do grupo.

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Desenvolvimento do grupo

O desenvolvimento dos grupos efetua-se segundo dois vectores fundamentais:

  • Desenvolvimento orientado para a TAREFA;
  • Desenvolvimento orientado para a RELAÇÃO.

As forças implicadas no desenvolvimento orientado para a tarefa produzem comportamentos que visam a prossecução do objetivo – elaborar, analisar, trocar informação, sintetizar, etc.

As forças implicadas no desenvolvimento orientado para relação originam comportamentos que visam manter o grupo unido e coeso – concordar, promover a harmonia, encorajar, apoiar, etc.

Estilos de Liderança

Estilos de liderança imprimidos pelo formador ao executar o seu papel no grupo de formação.

Estilos de liderança do formador. Existem diversos estilos de liderança. O estilo autoritário é muito produtivo mas pode causar desmotivação a longo prazo.

Estilo autoritário ou autocrático

  • O formador concentra o poder de decisão em relação aos objectivos, conteúdos e métodos de trabalho.
  • Explica por etapas e não fornece uma visão global das tarefas.
  • Situa-se fora do grupo e não se envolve com as tarefas. Mantém o distanciamento máximo necessário à imposição do seu estatuto de líder.
  • Sanciona distrações e interações. Mantém a comunicação centrada nos conteúdos programáticos, impedindo a expressão individual.
  • É o pólo emissor e recetor das mensagens, controlando as redes de comunicação.
  • Controla resultados por feedback individual.
  • Assinala erros.
  • Não reforça sucessos.
  • A avaliação assume a forma de crítica individualizada.
  • Atitudes de avaliação, orientação e interpretação.

Efeitos no grupo

  • Produção elevada em quantidade.
  • Clima do Grupo negativo e nível motivacional baixo.
  • Não há expressão dos conflitos que permanecem latentes.
  • Não há lugar para a criatividade e expressão individual.

Estilo “deixar andar” ou liberal

  • O formador apresenta o conjunto das tarefas mas delega todo o poder de decisão ao grupo quanto a métodos de trabalho.
  • Situa-se fora do grupo, sentindo-o como uma ameaça.
  • Faz pacto de não incomodar se não o incomodarem.
  • Não intervém nas crises ou afirma-se de forma incoerente.
  • Não controla resultados. Se solicitado utiliza uma falsa atitude não-diretiva: “O que é que acha?”; “Faça como lhe parecer melhor…”
  • Exerce uma falsa liderança, demitindo-se do seu papel.

Efeitos no grupo

  • A comunicação é, num primeiro momento, elevada, chegando à euforia.
  • Posteriormente, a comunicação anárquica é substituída por descontentamento e desmotivação.
  • O grupo corre o risco de se desmembrar e afastar-se por completo das atividades e objetivos estipulados.
  • A produção é muito diminuta.

Estilo democrático

  • O poder de decisão não está concentrado no formador. O grupo possui certa autonomia na tomada de decisões.
  • O grupo participa na fixação dos objetivos e métodos de trabalho.
  • O formador intervém nas crises mais relevantes.
  • É o grupo e cada um dos seus membros que controla os resultados.
  • Atitudes de apoio, exploração, interpretação e empatia.
  • A comunicação é abundante, existindo alternância de papéis de emissor e recetor dentro do grupo.

Efeitos no grupo

  • A produtividade é elevada, embora possa não atingir os níveis do estilo autoritário.
  • Em compensação, a criatividade é estimulada e o grupo consegue encontrar novas fórmulas e soluções não aprendidas.
  • O clima sócio-afetivo é positivo e há motivação.
  • O grupo torna-se coeso e adquire uma verdadeira identidade.

Ideias a reter (resumo do artigo)

Um grupo é um conjunto de dois ou mais indivíduos

  • com um objetivo comum;
  • interdependentes;
  • que adotam regras, normas e sanções que regulam o seu comportamento no âmbito do grupo;
  • onde cada um desempenha um papel;
  • e coopera para que o grupo atinja o seu objetivo.

O formador ou animador gere a vida do grupo, assegurando que as suas diferentes funções se realizam e que os objetivos são alcançados.

O formador pode adotar diferentes estilos de gestão do ambiente pedagógico, autoritário, liberal ou democrático, com diferentes consequências na produtividade e no clima psicológico do grupo.

Os líderes são peças fundamentais no desenvolvimento, caminho escolhido e identidade de cada grupo.

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A seguir: Gestão da comunicação na formação »

ÍNDICE DO MANUAL DE FORMAÇÃO

1 comentário em “Grupo e Liderança: Dinâmica dos grupos e estilos de liderança”

  1. dos lideres e dos grupos que os rodeiam, dado que e impossivel falar de Putin ou Medvedev sem referir esses grupos de pessoas da sua confianca, que os aconselham nas diversas tomadas de decisao, seja em politica interna ou externa. Ol’ga Kryshtanovskaya e Stephen White (2005), por exemplo, dao-nos a conhecer a maneira como Putin, enquanto Presidente, conduzia a politica, bem como as pessoas do seu circulo intimo e que, com ele, partilhavam o poder na Russia. 12 No entanto, antes de passar para estas analises, o presente trabalho ira abordar o conceito de politica externa, de forma a conseguir encontrar uma definicao consensual e, ao mesmo tempo, abrangente de todas as tematicas que se querem ver desenvolvidas neste estudo. Existem diversas definicoes possiveis de politica externa. De acordo com Freire e da Vinha (2011: 17-18), nao se pode dizer que haja uma definicao absoluta e consensual de politica externa, havendo, sim, principios comuns que a caracterizam: o papel dos governos estatais, enquanto atores privilegiados e a dimensao internacional da acao politica sao dois destes denominadores comuns. Assim sendo, e apos ter em conta diversas hipoteses (Freire e da Vinha, 2011: 18; Gerner, 1995: 18; Hermann, 1990: 5), este artigo define politica externa como um conjunto de objetivos, estrategias, instrumentos e acoes, que, atraves de uma interacao constante no sistema internacional, sao estudados e postos em pratica por decisores dotados de autoridade face a entidades externas a sua jurisdicao; tambem se enquadra na definicao de politica externa a resposta destas entidades, sejam estas intencionais ou nao, face as acoes tomadas. Pode haver, ou nao, influencia de outras entidades ou grupos. Este e, pois, um processo dinamico que exige um ajuste constante, perante as novas dinamicas internas e externas com que os decisores politicos se confrontam.

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