O método expositivo traduz-se na transmissão oral pelo formador de informação e conhecimentos ou conteúdos em que a participação do formando é diminuta. A estrutura, a sequência dos conhecimentos e o tipo dos conteúdos são definidos pelo formador.
Quando utilizar o método expositivo
Este método é por vezes útil em determinadas circunstâncias e a solução mais adequada aos objectivos de formação. A sua utilização pode verificar-se quando:
- O formador tem necessidade de expor as suas ideias ao grupo;
- A sessão expositiva é o meio mais prático e menos oneroso de fornecer a informação;
- Os conceitos devem ser explicados de maneira indutiva e o formador é o único a poder responder às questões dos formandos;
- Num curso cuja metodologia não assente neste método, breves sessões expositivas podem alterar o ritmo e despertar maior interesse dos participantes;
- A sessão expositiva for a única forma de responder a questionários ou dúvidas dos formandos e ainda acrescentar informação;
- O método for adequado aos seguintes objetivos: motivação do auditório para um tema novo, aquisição de conceitos, diretrizes para a execução de uma atividade, reforço de informação;
- A informação e os conhecimentos sobre um tema podem mudar tão rapidamente que a atualização para os potenciais formandos é mais eficaz se recorrermos a uma exposição oral.
Como organizar uma sessão expositiva
Preparar a Sessão
O formador deve ter em conta o público alvo, os seus conhecimentos sobre o tema, motivações e capacidades.
Um outro aspeto refere-se às condições materiais:
- a sala;
- o ambiente;
- o equipamento;
- o mobiliário.
Finalmente, ter-se-á de prever os recursos didáticos auxiliares disponíveis.
Na posse de todas estas informações cabe ao formador preparar a exposição:
- selecionando as informações a transmitir;
- organizando a sequência de ideias;
- identificando e criando exemplos;
- sumariando os tópicos da exposição.
A exposição
Os cognitivistas propõem-nos um modelo eficaz para desenvolver uma exposição:
A introdução
Na introdução, o formador esclarece os objetivos a atingir, cria os estímulos adequados à audição através de conselhos ou exemplos e, fundamentalmente, expõe o conteúdo mediante os “organizadores prévios”.
Os “organizadores prévios” (Ausubel fala de “advance organizers”) consistem em informações amplas e genéricas que servirão de pontos de ancoragem para ideias mais específicas que virão no decorrer da exposição.
Assim, a aprendizagem significativa existe sempre que haja um relacionamento do novo material com os elementos já estáveis da estrutura cognitiva, pois o processo de aprendizagem faz-se pela integração de novos conceitos em outros conceitos abrangentes. Introduzindo os “organizadores prévios”, antes do conteúdo essencial, usando uma linguagem familiar, o formador facilita ao «auditório» as novas aprendizagens.
O corpo da exposição
A sequência da exposição deve seguir os seguintes princípios:
A diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa
- o princípio da diferenciação progressiva propõe que se inicie a exposição pelos conceitos ou ideias mais gerais, os quais vão sendo diferenciados e especificados por ordem de complexidade. Na Psicologia Cognitiva, a aplicação desta ordem de princípios justifica-se por corresponder à maneira como o ser humano apreende factos não-familiares e representa o conhecimento. Além disso, o homem organiza o conhecimento de forma hierárquica, do mais inclusivo para o menos inclusivo. O Princípio da Reconciliação Integrativa consiste em explicitar as diferenças e semelhanças entre ideias e conceitos em contextos diferentes. Assim, previne-se o uso inadequado de termos múltiplos em realidades diversas ou a retenção de conceitos diferentes como idênticos.
Relações sequenciais, encadeamento e relações transitivas
O formador pode apresentar o conteúdo de modo sequencial:
- Enunciação de uma série de factos.
- Afirmação e definição do problema.
- Critérios de resolução do problema.
- Avaliação das soluções.
- Decisão por uma solução.
- Considerações acerca de outras soluções.
Outra maneira de apresentar o princípio das relações sequenciais consiste em o formador identificar uma ideia central e unificadora e depois excluir as ideias inconsistentes e de menor importância. O formador pode aplicar na sua exposição um outro princípio, o das relações transitivas.
O objetivo da exposição consiste em pôr a descoberto a estrutura de organização dos conceitos, de modo a que os interlocutores tomem consciência dessa estrutura. O processo completa-se com a utilização de frases-chave que resumam as componentes da ideia ou conceito.
A exposição participativa
É desejável implicar os participantes na exposição e propor-lhes trabalho em grupo durante ou após o curso magistral, ou seja, a exposição.

Sugerimos uma série de técnicas que tornarão o uso do método expositivo mais interessante e eficaz:
- pode utilizar um filme, como prelúdio ou durante a exposição, e pedir aos grupos de formandos que analisem as informações adquiridas;
- distribua aos grupos uma lista de problemas ou questões-desafio, para que no final possam classificá-los pela importância ou acuidade;
- proponha aos formandos que formulem um problema, uma questão ou um comentário sugeridos pela exposição. A discussão que se segue servirá de feedback;
- utilize adequadamente o momento das Perguntas-Resposta. Permitir-lhe-á verificar a memorização e a compreensão dos conceitos, corrigir os erros de compreensão e colmatar as lacunas. Uma das funções mais importantes desta técnica é permitir discutir novos conhecimentos e aplicá-los.
A conclusão
A conclusão servirá para resumir as ideias essenciais, pedir aos formandos que resumam o conteúdo, responder a dúvidas, indicar bibliografia ou restabelecer o conteúdo da exposição com os temas já abordados e novos.
Pensamos ser útil acrescentar algumas instruções para facilitar ao formador a apresentação do método:
- utilize audiovisuais e policopiados para sublinhar ou ilustrar a exposição;
- treine a sua dicção e o modo de se apresentar em público. O vídeo e o gravador são auxiliares preciosos para a melhoria das suas capacidades de comunicação;
- durante a exposição não leia nunca as suas notas, não perca o contacto visual com o auditório, não repita expressões idiomáticas;
- seja entusiasta e enérgico e adeque a sua linguagem aos participantes mesmo que o assunto seja eminentemente técnico.
Análise crítica do método expositivo
O método expositivo é o que mais longamente tem sido usado para ensinar, apesar de todas as críticas.
Tentemos, por isso, analisar as suas vantagens e os seus limites:
- A técnica expositiva é económica para formar grandes grupos;
- Esta técnica é flexível para diferentes auditórios desde que adaptada;
- Permite o reforço não disponível com outros recursos educativos;
- Formador e formandos podem ser recompensados, aquele pela atenção recebida e estes pelo calor humano e entusiasmo demonstrados pelo expositor;
- É também um meio rápido para transmitir um conjunto vasto de informações, quando os objetivos são de aquisição e compreensão de conceitos.
O método expositivo não deve nem pode ser o método privilegiado de processos de aprendizagem. Baseia-se numa pedagogia autoritária e numa conceção “bancária do saber” (Paulo Freire).
Nesta conceção de aprender, o educando é sempre o educado, o educador, porque sabe mais sobre um assunto é quem disciplina, escolhe os conteúdos e quem fala.
O educador é o sujeito do processo e o educando o objeto. Assim, o processo de aprendizagem é assumido como um acrescentar conhecimentos e não um desenvolver de competências ou capacidades.
O formador deve, pois, estar atento à conceção pedagógica subjacente: o homem enquanto objeto e não como sujeito do seu próprio desenvolvimento.
Partindo destas considerações conclui-se que o método expositivo não deve ser nunca usado? Responder sim, seria demasiado simplista. Como vimos há circunstâncias que o recomendam. Mas o seu uso deve servir como um meio para suscitar novas experiências de formação e nunca como um fim em si mesmo.
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