O método interrogativo consiste num processo de interações verbais, dirigidas pelo formador, normalmente de tipo pergunta-resposta. O objetivo é a descoberta pelo formando dos conceitos ou conhecimentos a memorizar.
Caraterísticas do método interrogativo
O método interrogativo baseia-se no princípio de que se aprende por aprender, mas só se aprende bem o que se compreendeu. Continuamos no campo das pedagogias autoritárias, mas a exigência de eficácia conduz à motivação dos formandos. A interrogação tanto pode ser utilizada na aprendizagem de saber-fazer como na de conceitos.
Aplica-se ao conteúdo de uma exposição ou demonstração. Assumem um papel particular no método interrogativo a competência na elaboração de perguntas, os processos de raciocínio indutivo e ainda o modo como se organiza a aprendizagem por descoberta.
Como aplicar o método interrogativo
A observação espontânea é substituída pela observação planificada e refletida, orientada por uma sequência de perguntas.
As perguntas encadeiam-se por uma ordem lógica e rigorosa, incidindo cada pergunta sobre um ponto preciso.
O interrogatório
Baseia a sua tática na deteção instantânea da realidade da sessão, através de perguntas emitidas pelo formador no sentido de fazer progredir a aquisição de conhecimentos.
A argumentação
A atividade é conduzida pelo formador que determina os objetivos e os temas da argumentação.
Faz uma explicação sumária do conteúdo e proporciona os meios de informação para o estudo do tema ou do problema. Os formandos terão de encontrar argumentos para discutir com o formador.
O diálogo
Nesta modalidade foca-se geralmente um único tema. O formador lança o diálogo desfocando ou escamoteando a problemática ou o conteúdo.
Solicita ao grupo em formação que analise ou dê opiniões sobre o tema exposto. Ao formador cabe formular as questões orientadoras do diálogo.
Mas pode-se permitir um caminho erróneo para a discussão. No entanto, o formador é responsável pela condução do diálogo no sentido duma proposição válida.
O debate
Para a sua planificação deve seguir-se o mesmo processo da modalidade anterior. Mas, a sua aplicação exige como pré-requisito uma formação básica no tema ou temas a debater e também o conhecimento das técnicas de argumentação por parte dos participantes.
Antes de iniciado o debate deve-se nomear um coordenador e um secretário. Estes têm como funções orientar as perguntas e registar as conclusões ou os pontos que permaneçam obscuros.
O formador não deve permitir situações extremadas ou antagónicas. O objectivo central desta técnica é desenvolver capacidades de análise e crítica ou de julgamento de situações.
Tipo de perguntas no método interrogativo
O método interrogativo requer do formador uma grande competência na formulação de perguntas.

Analisaremos os diversos tipos de perguntas a utilizar:
- Perguntas dirigidas à memória – são aquelas que implicam o relembrar de informação específica;
- Perguntas dirigidas ao raciocínio – são perguntas que levam o formando a pensar e a desenvolver a sua informação;
- Perguntas criativas – exigem do formando soluções novas e originais, a partir de dados fornecidos anteriormente;
- Perguntas pessoais – este tipo de perguntas suscita no formando a expressão de opiniões, sentimentos e valores pessoais. Esta classificação de perguntas baseia-se na Taxonomia de Objetivos Educacionais de Bloom. Estão também hierarquizadas por níveis de complexidade de operações cognitivas;
- Perguntas abertas – são aquelas perguntas cujas respostas se conseguem através de uma elaboração diferente de indivíduo para indivíduo. Podem ter uma ou várias respostas aceitáveis;
- Perguntas fechadas – são perguntas que apenas têm uma única resposta correta à qual só se chega através de processos mentais semelhantes.
Análise crítica ao método interrogativo
O método interrogativo, desde que não seja utilizado exaustivamente, apresenta como vantagens:
- Feedback constante do processo ensino-aprendizagem;
- O controle do processo pelo formador é muito grande;
- O reforço é positivo (o formando sabe que chega à resposta correcta), mas é contrabalançado pelo risco de o formando se expor ao grupo e ao julgamento do formador;
- A memorização é facilitada pela reflexão pessoal;
- Desenvolve capacidades de comunicação verbal e de oralidade;
- Favorece a participação dos formandos;
- Cria hábitos de análise e de crítica.
Conserva-se um modelo pedagógico centrado no mestre, muito estruturado e de controle a longo prazo.
A sua utilização requer muito trabalho de preparação por parte do formador e uma elevada competência na técnica das perguntas e muita experiência.
O processo de aprendizagem é mais longo ( >50% ) apesar de as perguntas, se bem aplicadas, evitarem a dispersão do diálogo.
A principal dificuldade resulta da divisão analítica dos temas que o formador vai transmitir e da previsão atempada das dificuldades e dúvidas suscitadas durante o processo. Por isso o formador necessita de ter muita experiência e de trabalhar em equipa para se certificar da eficácia das suas orientações.
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