Este artigo descreve as estratégias ou métodos de motivação que o formador pode utilizar no decurso da formação para manter os formandos interessados nos tópicos a aprender.
Comecemos por perceber o que é a motivação e quais as suas caraterísticas.
Conceitos e características da motivação
Ao comportamento humano estão inerentes múltiplas e diferenciadas atividades, que todas as pessoas desenvolvem no seu quotidiano, como por exemplo, andar, conversar, dormir, trabalhar, etc. É possível mesmo realizar várias actividades em simultâneo.
Será que o indivíduo tem sempre consciência daquilo que o leva a agir?
O que leva os indivíduos a envolverem-se mais numas atividades do que noutras?
PORQUE
- Todo o comportamento é uma atividade dirigida
- Todo o comportamento tende para a realização de objetivos
Motivação Humana é a força geradora do comportamento, é o que predispõe o indivíduo para uma determinada atividade.
A motivação de cada sujeito pode ser condicionada por três factores:
- Expectativas – antecipação subjectiva do que irá acontecer;
- Valências – cada indivíduo revela tendências para valorizar um determinado tipo de resultados. Depende do objectivo e do valor que cada sujeito atribuí ao resultado final e à satisfação proporcionada;
- Instrumentalidade – é a relação causal entre o esforço intermediário e o resultado final (se o sujeito verificar que o resultado final não depende do esforço a fazer, pode optar por não se esforçar).
Há muitos indivíduos que apesar de revelarem uma boa capacidade intelectual e de aprendizagem, obtêm resultados muito baixos no seu desempenho escolar. O que falta a estes indivíduos não é a capacidade, mas a motivação. A relação entre a motivação e a aprendizagem é evidente, pois sem motivação não há aprendizagem, o que equivale a dizer, que a motivação é condição necessária para haver aprendizagem.
A aprendizagem acontece quando o indivíduo está realmente interessado em aprender; aprende-se aquilo que corresponde a uma necessidade ou a um interesse.
A motivação desempenha três funções no processo de aprendizagem:
- Função Seletiva: a atenção da pessoa centra-se no campo específico do interesse dominante;
- Função Energética: a pessoa intensifica a sua atividade, aumentando a sua energia e poder de concentração, para atingir os fins a que se propõem;
- Função Direcional: a pessoa orienta os seus atos em direção à meta que pretende atingir.
Neste contexto pode-se afirmar que os incentivos têm um valor motivacional relativo. É o mesmo que dizer que um mesmo incentivo pode provocar respostas distintas ou nem sequer encontrar eco em alguns formandos.
Estratégias e métodos de Motivação
O formador deverá ter sempre em conta que, para que a aprendizagem seja significativa, o formando deverá ter uma atitude positiva e favorável, ou seja, tem de estar motivado para acrescentar o que está a aprender ao que já conhece. É desta forma que se modificam as estruturas cognitivas já existentes.
Num curso de formação podem surgir três tipos de formandos:
- os que estão motivados
- aqueles cuja motivação é nula
- e ainda os desmotivados (que é sinónimo de estarem contra a formação).
Motivar é:
- crair vontade de…
- predispor para…
- chamar a atenção para…
Para os que estão motivados o formador tem que arranjar estratégias para os manter motivados, para os outros, terá de encontrar estratégias que os motivem para a aprendizagem.
Como se motivam os adultos para a aprendizagem?
Algumas sugestões:
- Motivação inicial – mostrar interesse pelos motivos que levaram os formandos a frequentarem aquele curso, saber o que esperam aprender, saber das suas experiências anteriores…;
- Estar motivado – ninguém consegue motivar se não estiver motivado, isto implica: mostrar domínio do assunto (autoconfiança e segurança);
- Ser expressivo – capacidade de comunicação, haver sintonia entre a expressão verbal e a não verbal (palavras e gestos), a voz com inflexão;
- Distribuir o olhar por todos os participantes (troca de olhares) – o olhar não deve ser nem persistente nem fugidio, deve olhar mostrando mais interesse na pessoa do que no que ela diz;
- Apelo à participação – implica e responsabiliza os formandos pela sua própria aprendizagem, ao mesmo tempo que demonstra interesse por saber o que pensam ou sabem sobre o assunto;
- A linguagem usada deve ser adequada aos destinatários – se o grau de escolaridade for baixo, a linguagem deve ser simples e com alguns cuidados no uso de siglas, estrangeirismos ou expressões muito técnicas; se pelo contrário o grau de escolaridade for elevado, a linguagem deve ser técnica;
- Usar o humor – desde que usado moderadamente e devidamente contextualizado, facilita a evocação do assunto que estava a ser tratado.
Para além disto, começam agora a emergir teorias de ensino-aprendizagem baseadas não só no conhecimento de que estes dois processos estão intimamente ligados, mas também dos mecanismos neles intervenientes.
As novas perspetivas sintetizam uma série de princípios psicopedagógicos comuns a todas as tarefas de ensino-aprendizagem e chamam a atenção para a existência de diferentes tipos de aprendizagem consoante a natureza da tarefa a aprender.
Estes princípios básicos são um esforço de conciliação entre as várias teorias, funcionando também como estratégias de motivação dos formandos.
Métodos de motivação:
- Estabelecer a ideia de conjunto da tarefa a aprender;
- Relacionar os conhecimentos e as habilidades a adquirir com os já adquiridos;
- Orientar a atenção dos formandos para os elementos novos da tarefa a aprender;
- Fomentar a participação dos formandos;
- Nos primeiros momentos da aprendizagem orientar os formandos, mas retirar progressivamente essa orientação, a fim de permitir que se responsabilizem pela sua própria aprendizagem;
- Criar condições que desenvolvam a capacidade de transferência de conhecimentos e habilidades a novas situações;
- Dar feedback desenvolvendo nos formandos a capacidade de se auto-avaliarem;
- Criar um clima afetivo conducente à aprendizagem;
- Avaliar as aprendizagens dos formandos e a eficácia do desempenho do formador.
Assim, para aumentar o grau de motivação dos formandos, existem alguns princípios que devem nortear a planificação das sessões de formação:
- Definir os objetivos gerais de aprendizagem. Esta definição deve ser suficientemente flexível de modo a permitir a ocorrência de aprendizagens não previstas nos objetivos;
- Desdobrar os objetivos gerais em objetivos específicos, tendo em conta a estrutura do sujeito, a estrutura da tarefa e o tipo de aprendizagem exigida por estes dois fatores;
- Decidir quais os conhecimentos ou habilidades de base que os sujeitos já devem possuir para poderem iniciar a tarefa de aprendizagem;
- Sequenciar a aprendizagem de forma a que os sujeitos sintam que estão a fazer progressos;
- Pensar em algumas atividades que formador e formando possam desenvolver no decurso da sessão.
A seguir: Métodos e técnicas pedagógicas »
Ideias a reter sobre métodos de motivação:
- A motivação é condição necessária para haver aprendizagem.