Perfil do Formador

Tem o perfil adequado para ser formador? Este artigo descreve as caraterísticas mais importantes e as competências que deverá desenvolver.

Competências e capacidades necessárias à atividade de formador

Todos nós, ao longo da vida, desempenhamos em maior ou menor frequência, mais ou menos conscientemente, a função de «formador». Seja de forma perfeitamente consciente ou simplesmente no contacto ou convívio com as pessoas com quem interagimos, procuramos com as nossas palavras e ações influenciar, num certo sentido, as ações dos outros, procurando ajustá-las aos nossos próprios padrões, seja de pensamento ou de comportamento, que consideramos, inevitavelmente, os mais correctos

Contudo, se as nossas tentativas de influência consistirem na explicação das nossas razões e maneiras de pensar apelando à compreensão e reflexão dando, no entanto, a liberdade de escolha, ajustada ao modo de ser e de estar de cada um, esse é um comportamento formativo no sentido próprio do termo: isto é, proporcionar e facilitar o desenvolvimento pessoal, a capacidade de iniciativa, discernimento e decisão, através do fornecimento de elementos e de instrumentos que possibilitem uma análise pessoal e uma escolha consciente. Só assim desenvolveremos uma atividade verdadeiramente formativa.

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Durante muito tempo, um formador era visto antes de mais como um especialista dos conteúdos, que lhe conferia um determinado carisma, que devia possuir talentos de orador. Esta concepção do perfil do formador tem evoluído significativamente nos nossos dias, embora não tenha desaparecido completamente.

Formar é um trabalho de profissional que apesar de acarretar consigo uma certa parte de intuição e arte, também exige, para ser eficaz, competências específicas. Formar é uma profissão que assenta em atos técnicos, compreendendo uma parte que pode ser descrita, operacionalizada e aprendida

Cada vez mais, a variedade e complexidade das situações de formação exigem do formador uma grande capacidade de adaptação, dando-lhe a possibilidade de explorar as suas especificidades através de decisões adaptadas.

O formador, quer exerça essa atividade a tempo inteiro ou não, desempenha e regula o processo de aprendizagem de uma forma sistemática, visando proporcionar com esse exercício a transmissão e aquisição de competências profissionais que confiram, aos indivíduos em formação, o domínio de um conjunto de técnicas fundamentais, que lhes permitam o seu sucesso num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, num mundo tecnológico em permanente mudança.

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As competências do formador

O formador deve, possuir competências a nível «humano», técnico/profissional e pedagógico.

Ao formador cabe a responsabilidade direta de proporcionar a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes correspondentes ao eficaz desempenho de uma profissão, mantendo-se alerta, atento e interessado, de forma a permanecer atualizado, nunca dando por concluído o seu processo formativo. O formador deve ser capaz de questionar sistematicamente os seus próprios conhecimentos, para que possa existir uma constante reestruturação da sua «bagagem» profissional.

O formador deve informar (transmitir conhecimentos), instruir (desenvolver competências) e incentivar (fomentar atitudes) facilitando, desta forma, a aprendizagem.

As competências do formador (perfil do formador)
Qual o perfil de formador ideal?

O formador deverá ser, ao mesmo tempo, especialista e generalista, permitindo-lhe fornecer visões globais e abrangentes, respondendo eficazmente aos desafios que lhe surgem.

Ser formador significa ser um dinamizador das atividades dos formandos, promovendo o seu gosto pela pesquisa individual e auto-formação, e pelo trabalho em grupos, incentivando e valorizando as suas iniciativas, discutindo as suas propostas, colaborando no planeamento e no acompanhamento criativo da execução das atividades.

Estes fatores implicam um elevado dinamismo e criatividade do formador que, através do seu próprio entusiasmo e espírito de iniciativa, poderá contagiar os grupos em formação e promover a sua autonomia e espírito inventivo.

O formador , como agente de mudança, deve encontrar-se atento ao mundo que o rodeia, pois no seu dia-a-dia terá de conviver com formandos oriundos das mais diversas regiões geográficas e com as mais díspares visões do mundo e das coisas.

A abertura social é, verdadeiramente, indispensável para que o formador se encontre em condições de aceitar e compreender a diversidade concretizada pelos seus formandos.

O formador deve reconhecer as particularidades individuais e respeitar os valores de cada um, não menosprezando ass especificidades. Cada formando tem o seu percurso existencial próprio que determina, em última análise, as suas motivações e o seu desempenho.

Resumindo, relativamente ao perfil do formador, podemos dividir as competências necessárias em dois tipos: competências psicossociais e competências técnicas.

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Competências Psicossociais

A) Saber-estar em situação profissional no posto de trabalho, na empresa ou organização, no mercado de trabalho, implicando nomeadamente:

  • Assiduidade;
  • Pontualidade;
  • Postura pessoal e profissional;
  • Aplicação ao trabalho;
  • Co-responsabilidade e autonomia;
  • Boas relações de trabalho;
  • Capacidade de negociação;
  • Espírito de equipa.

B) Possuir capacidade de relacionamento com os outros e consigo próprio, implicando nomeadamente:

  • Comunicação interpessoal;
  • Liderança;
  • Estabilidade emocional;
  • Tolerância;
  • Resistência à frustração;
  • utoconfiança;
  • Autocrítica;
  • Sentido ético pessoal e profissional.

C) Ter capacidade de relacionamento com o objeto de trabalho, implicando nomeadamente:

  • Capacidade de análise e de síntese;
  • Capacidade de planificação e de organização;
  • Capacidade de resolução de problemas;
  • Capacidade de tomada de decisão;
  • Criatividade;
  • Flexibilidade;
  • Espírito de iniciativa e abertura à mudança.
Competências técnicas e competências psicossociais do formador.

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Competências Técnicas

A) Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua actividade: a população ativa; o mundo do trabalho e os sistemas de formação; o domínio técnico-ciêntifico e pedagógico, objeto da formação; a família profissional da formação; o papel e perfil do formador; os processos de aprendizagem e a relação pedagógica; a concepção e a organização de cursos ou ações de formação.

B) Ser capaz de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de formandos.

C) Ser capaz de planificar e preparar as sessões de formação, nomeadamente:

  • analisar o contexto específico das sessões – objetivos, programa, perfis de entrada e de saída, condições de realização da ação;
  • conceber planos das sessões;
  • definir objetivos pedagógicos;
  • analisar e estruturar os conteúdos de formação;
  • selecionar os métodos e as técnicas pedagógicas;
  • conceber e elaborar os suportes didácticos;
  • conceber e elaborar os instrumentos de avaliação.

D) Ser capaz de conduzir ou mediar o processo de aprendizagem no grupo de formação, nomeadamente:

  • desenvolver os conteúdos de formação;
  • desenvolver a comunicação no grupo;
  • motivar os formandos;
  • gerir os fenómenos de relacionamento interpessoal e de dinâmica de grupo;
  • gerir os tempos e os meios materiais necessários à formação;
  • utilizar os métodos, as técnicas, os instrumentos e os auxiliares didáticos.

E) Ser capaz de gerir a progressão na aprendizagem dos formandos, nomeadamente:

  • efectuar a avaliação formativa informal;
  • efectuar a avaliação formativa formal;
  • efectuar a avaliação final ou sumativa.

F) Ser capaz de avaliar a eficiência da formação, nomeadamente:

  • avaliar o processo formativo;
  • participar na avaliação do impacto da formação nos desempenhos profissionais.

Ideias base a reter sobre o perfil do formador:

  • O formador é um facilitador da aprendizagem;
  • O formador é um animador, isto é, um líder e gestor da dinâmica formativa;
  • O formador deverá: centrar-se nas pessoas e no grupo; criar uma dinâmica de grupo; provocar a discussão, o trabalho individual e o trabalho em equipa; criar um clima de confiança sem competitividade; utilizar a pedagogia do sucesso e não as práticas do erro; valorizar as experiências e os desempenhos; ter conhecimento e poder agir nas diversas fases do sistema de formação.

Referências:

«Formação Pedagógica de Formadores», Luís Ferrão e Manuela Rodrigues, in Manuel Prático LIDEL

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