Este artigo descreve a taxonomia dos objetivos pedagógicos na formação profissional.
Ao analisar cada um dos domínios, podemos verificar que qualquer deles pode comportar capacidades, competências ou comportamentos de diferentes graus de complexidade e cuja aprendizagem apresenta níveis de dificuldade também diferentes. Este facto levou alguns investigadores a tentarem enquadrar os vários comportamentos a aprender, em categorias ou classes que correspondessem a dificuldades de realização graduadas, do mais simples para o mais complexo.
O resultado deste trabalho constitui o que se designa por taxonomias de objetivos.
A taxonomia dos objetivos é um instrumento que auxilia a classificação dos objetivos de aprendizagem segundo categorias ou classes, ordenadas por níveis de exigência ou complexidade, e que apresentam entre si uma relação hierárquica.
De entre as várias taxonomias existentes, as mais conhecidas são as organizadas por um grupo coordenado por Benjamim Bloom sobretudo no que se refere aos domínios cognitivo e afetivo.
Taxonomia dos objetivos por domínio de aprendizagem:
Domínio Cognitivo
De acordo com sistema de classificação referido no quadro, os objetivos do domínio cognitivo dividem-se em seis níveis. Cada nível especifica o tipo de processo cognitivo (de pensamento) solicitados aos formandos desde o mais simples ao mais complexo:
- Conhecimento – O indivíduo consegue lembrar, definir, reconhecer ou identificar, informação específica apresentada durante o processo de ensino-aprendizagem. A informação pode surgir sob a forma de um facto, uma regra, um diagrama, um som e assim por diante;
- Compreensão – O indivíduo demonstra uma compreensão da informação, traduzindo-a para uma forma diferente ou reconhecendo-a sob forma traduzida. Pode ser avaliado, dando uma definição por palavras próprias, sumariando, apresentando um exemplo original, reconhecendo um exemplo ,etc;
- Aplicação – O indivíduo consegue aplicar a informação, realizando atividades concretas. Estas atividades poderão ser: desenhar, escrever, ler, manipular equipamentos etc;
- Análise – O indivíduo consegue reconhecer a organização e a estrutura de um conjunto de conhecimentos, dividir essa informação, nas partes que a constituem e especificar as relações entre estas partes;
- Síntese – O indivíduo consegue recolher informações de várias fontes e criar um produto exclusivamente seu. Este produto pode revelar-se sob várias formas – escrita, oral, pictórica, etc;
- Avaliação – O indivíduo consegue usar um padrão de julgamento sobre o valor de algo: um concerto, um texto, uma atividade, um plano de arquitetura, etc.
Domínio Afetivo
A taxonomia de B. Bloom divide os objetivos afetivos em cinco categorias:
- Acolhimento / Atenção: o indivíduo apercebe-se e está atento a algo do meio ambiente
- Resposta: o indivíduo exibe um novo comportamento como resultado de uma experiência e responde a essa experiência;
- Valorização: o indivíduo mostra envolvimento e empenho em relação a uma nova experiência;
- Organização: o indivíduo integrou um novo valor ao seu sistema de valores e atribui-lhe um lugar num sistema de prioridades;
- Caraterização: o indivíduo age em conformidade com o valor e está firmemente envolvido na experiência.
Domínio Psicomotor
Os objetivos afetivos dividem-se em cinco categorias:
- Imitação: é a capacidade que o indivíduo tem para executar um gesto ou uma tarefa, vendo outros fazer;
- Manipulação: capacidade de manipular corretamente objetos; precisão: capacidade de executar gestos e manipular objetos com precisão, de forma coordenada;
- Estruturação da ação: capacidade de executar uma tarefa de forma estruturada e coerente, isto é, com princípio, meio e fim;
- Aquisição de uma segunda natureza: capacidade de aquisição de competências psicomotoras que não possuía antes.
É importante para o formador conhecer as taxonomias dos objetivos, porque lhe permite determinar mais facilmente o tipo ou grau de dificuldade de cada capacidade a adquirir e consequentemente estabelecer uma hierarquia de exigências de aprendizagem.
De posse desse conhecimento o formador poderá organizar as atividades por ordem de dificuldade crescente, escolher os métodos mais adequados a cada tipo de aprendizagem e ordenar as sequências de formação segundo uma progressão pedagogicamente coerente.
Na verdade, para além de ser capaz de formular objetivos em termos operacionais, o formador deve também ter em atenção o tipo e grau de complexidade desses objetivos, para mais eficazmente poder organizar e desenvolver a sua função de formador.
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