Este artigo pretende identificar as diversas técnicas pedagógicas existentes e descrever as suas principais características.
Técnica pedagógica significa estratégia, procedimento ou forma concreta de apresentar ou orientar as aprendizagens. As técnicas complementam-se e articulam-se entre si, de modo que não se podem utilizar isoladamente, tal como os métodos em que se integram.
O critério de seleção fundamental será sempre a formulação de objetivos para a formação. Na previsão das técnicas a adoptar o formador deve sequenciá-las, permitindo situações diversificadas de formação, tendo em conta a sua maior eficácia quanto a resultados de aprendizagem.
Secções deste Artigo (clique para navegar para a secção correspondente):
- Pedagogia da descoberta
- O trabalho projecto
- Estudo de casos
- Dramatização
- Simulação
- Brainstorming ou Chuva de Ideias
- O jogo na formação
- Índice do Manual do Formador
Por vezes a implementação de determinadas técnicas pedagógicas confundem-se com o próprio método particularmente no caso dos métodos ativos.
Pedagogia da descoberta
A pedagogia da descoberta é um processo de trabalho, inspirado na psicologia cognitiva. Os formandos são colocados perante uma situação – problema que vão tentar resolver, ou seja, vão “descobrir a solução”.
O método de resolução de problemas é o meio pelo qual se pode aplicar a pedagogia da descoberta. Para Dewey, o que desencadeia o processo reflexivo é uma situação – problema. O pensamento reflexivo, segundo o autor, é a forma mais elevada de pensamento. Baseia-se nos princípios de raciocínio indutivo e/ou dedutivo e no valor pedagógico do erro no processo de ensino-aprendizagem.
A colocação de um problema provoca perplexidade, confusão ou dúvida. O formando é tentado a encontrar o seu equilíbrio pela busca de uma solução para o problema apresentado.
Gagné refere que resolver um problema é adquirir um princípio de certa ordem superior. Consiste pois, na apropriação do conhecimento por ensino-aprendizagem. A motivação para aprender resulta no “prazer” que qualquer indivíduo obtém quando encontra a solução.
Princípios de aplicação
- O problema deve ser um problema real.
- O problema deve ser interessante e implicar os formandos na sua resolução.
- As etapas de resolução do problema devem ser realizadas pelos formandos.
- Os formandos podem trabalhar em grupo ou sozinhos.
O papel do formador
- Define o Problema ou Situação.
- Durante a sessão fornece informações.
- Reorienta as atividades de reflexão.
- Reinterpreta as dúvidas.
- Estimula a formulação de hipóteses.
Etapas
- Definição e delimitação do problema.
- Recolha e Classificação dos dados.
- Formulação de Hipóteses.
- Seleção de uma Hipótese.
- Verificação da Hipótese.
A participação dos formandos não se limita ao momento da descoberta, mas abarca um conjunto de processos de investigação e de raciocínio que possam levar à hipótese correta. A solução deve ser consistente e aplicável. A aplicação da solução suscitará no grupo um processo de reflexão. O grupo é posto perante uma realidade concreta e esse reencontro permite-lhes aferir da qualidade da solução encontrada.
Avaliação
Os critérios de avaliação devem ser propostos pelo formador, quer quanto à análise da solução para o problema, quer quanto aos procedimentos utilizados para o estudo da solução. O grupo deve também elaborar critérios de desempenho para a sua auto-avaliação.
Análise crítica
A principal vantagem deste trabalho diz respeito ao desenvolvimento dos processos de raciocínio dos formandos. Destacamos, no entanto, outros efeitos positivos:
- Motivação intrínseca;
- Melhoria significativa dos processos de memorização, pois os factos são fixados em contexto significativo;
- Aprendizagem de procedimentos de investigação heurística;
- Ensina a pensar.
Exige rigor por parte do formador quanto à seleção e organização das informações a fornecer ao grupo, quanto à formulação de orientações para que os procedimentos de investigação e de pensamento sejam adequados.
Limites
- A solução encontrada pode não ser generalizável e aplicável a outros contextos.
- Extrapolação abusiva de dados.
- Perigo de «projecção pessoal» na análise e soluções propostas.
Não é adequado para todo o tipo de matérias e aprendizagens. No entanto, se bem utilizado, ancorado em situações reais, o método tem grande capacidade de transferência.
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Trabalho-Projeto
Os países, as empresas, as escolas profissionais, a formação dos indivíduos, o nosso mundo estão hoje alicerçados na ideia de Projeto. A identificação e a capacidade de resolução de problemas são, hoje, objetivos centrais da formação. A metodologia que agora se apresenta parece responder a estes objetivos.

O método do projeto
O projeto tem origem no movimento da educação humanista, associado ao pensamento pedagógico de John Dewey (1859-1952). John Dewey identificava a liberdade com o poder de cada um elaborar projetos e de os concretizar através da ação.
A construção de um projeto mobiliza, além de conhecimentos e de reflexão, a própria afetividade. O projeto implica a antevisão de uma finalidade. Para atingir essa finalidade cada um analisa as condições, busca os meios e ensaia as soluções mais adequadas e/ou exequíveis.
É, de facto, um jogo de inteligência e de capacidade de organização. A elaboração de um projecto implica operações complexas:
- Observação das condições do meio;
- O conhecimento do que já foi realizado antes em condições semelhantes;
- A avaliação da acção, para dela se extraírem significados.
O trabalho-projeto
O projeto deve ser usado por formadores que considerem que se pode sempre fazer melhor, que a formação pode ser divertida e que tenham prática de animação de grupos. Esta metodologia conduz a uma redefinição dos papeis sociais no espaço pedagógico. Incide fundamentalmente em objetivos de desenvolvimento, autonomia, responsabilidade, livre iniciativa, criatividade.
Definição
É um método de trabalho baseado na participação dos membros de um grupo, com o objetivo de realizar um trabalho planificado e organizado de comum acordo. O trabalho é orientado para a resolução de um problema.
O projeto é um plano a realizar para responder a um problema, estudar um tema, concretizar uma ação. Baseia-se como se viu, nas ideias de John Dewey, e de outros teóricos cognitivistas (De Bono).
Halté (1982) liga esta pedagogia à investigação-ação. A motivação é intrínseca. Os formandos escolhem um tema ou um problema que Ihes interessa e planeiam os modos de tratar o tema ou resolver o problema. O resultado final é o produto dos seus conhecimentos, da sua investigação e da abordagem pessoal do trabalho. É a realização do seu Projecto!
A metodologia do projeto pode partir de três destas situações tipo:
- como método de formação, para aprender a utilizar a própria metodologia. O tema será livre, desde que envolva os formandos e tenha relevância profissional e pessoal;
- como método de resolução de problemas;
- como método de investigação sobre temas de um programa.
A fusão das duas situações pode ser a melhor maneira de cumprir um determinado programa de formação, pelo envolvimento e participação que suscita esta metodologia.
Bases de desenvolvimento do trabalho-projeto
O contexto e a comunicação
Para a realização de um Projecto em trabalho de equipa é importante o estabelecimento de uma comunicação eficaz.
Contexto Afetivo
- Clima de aceitação: todos os elementos do grupo devem sentir-se igualmente importantes;
- Bom humor;
- Confiança: resolver os problemas decorrentes dos pequenos fracassos cria, a base da autoconfiança da equipa.
Contexto Físico
A sala de formação deve facilitar as diferentes atividades. Os móveis e a sua disposição não podem ser obstáculos aos debates, às simulações. As paredes, os placares, devem ser usados como suportes visuais das atividades. Será útil pôr à disposição do grupo um tipo variado de equipamentos audiovisuais e de documentação.
A comunicação
O formador, para desenvolver uma comunicação eficaz, deve ter em conta as seguintes características:
- Autenticidade;
- Credibilidade da mensagem;
- Dinamismo;
- Escuta ativa;
- Autocontrole;
- Relacionamento saudável com os participantes.
O trabalho de grupo
O projeto desenvolve-se em grupo. Os elementos do grupo têm necessidade de aceitação, de reforçar a auto-estima e a identidade, de produzir e testar as realidades sociais, de reduzir a ansiedade, a insegurança e o sentimento de impotência.
O formador tem de ter alguma prática de dinâmica de grupos e tem de conhecer diversos processos de investigação (entrevista, questionário, pesquisa documental).
Vai funcionar como o monitor do trabalho dos grupos a quem estes recorrem sempre que precisam de informações ou de discutir hipóteses de investigação.
Fases do trabalho-projeto
Escolha do tema ou problema
O problema ou o tema a tratar deve ser relevante (responder a necessidades de formação), motivante (ancorado numa realidade significativa) e envolver afectivamente o grupo. Nesta fase, o formador apresenta os temas passíveis de serem abordados ou suscita a discussão sobre os problemas a resolver.
Os grupos devem debater as propostas de acordo com o tempo de formação disponível, os objetivos e as necessidades de cada grupo. A escolha deve ser justificada e privilegiar o consenso.
Formulação de problemas parcelares
Cada grupo escolhe seguidamente os subtemas ou problemas parcelares que vai tratar. Os problemas ou temas devem ser postos como questões a investigar.
Planeamento do trabalho
O formador coordena as atividades a desenvolver:
- Levantamento da informação e dos dados a obter;
- Procedimentos de investigação e recolha de dados;
- Tarefas acometidas a cada elemento e a cada grupo;
- Elabora um quadro de bordo com as decisões tomadas;
- Ajuda ao prosseguimento do trabalho.
Trabalho de campo/pesquisa e investigação
Os grupos realizam, nesta fase, atividades de pesquisa planeadas que permitam a resolução do problema colocado ou o estudo da temática escolhida.
Avaliação do Processo
A avaliação dos vários momentos do processo funciona como motivação. Corresponde também a períodos de reflexão e auto-avaliação.
Podem utilizar-se as seguintes metodologias:
- Questionário sucinto sobre o funcionamento do grupo.
- Levantamento das questões a que o grupo já pode dar resposta.
- Entrevista entre o formador e cada grupo sobre as atividades desenvolvidas, as dificuldades, os progressos.
O formador pode combinar previamente, com cada grupo a entrega de um relatório sobre as atividades de recolha de informação desenvolvidas, os conhecimentos já obtidos, os resultados e as conclusões provisórias. Deve utilizar estes momentos de avaliação para incitar ao prosseguimento da pesquisa e resolver dificuldades e alterar as práticas, se necessário.
Tratamento da informação e apresentação de resultados
Cabe a cada grupo escolher a melhor forma de organizar a informação e apresentá-la aos outros formandos. Não há limites materiais para apresentar os trabalhos. Os grupos normalmente revelam nesse momento a sua originalidade e criatividade.
Apresentação dos trabalhos / Auto e hetero-avaliação.
Cada grupo comunica aos outros o estudo ou a solução encontrada. No fim de todas as apresentações, tem lugar a avaliação. Os critérios foram previamente decididos ou explicitados no grupo.
A avaliação é feita a dois níveis:
- Cada grupo auto-avalia-se, de acordo com os critérios já definidos.
- Cada grupo avalia cada um dos outros grupos.
O formador faz a síntese e parte para a última fase.
Balanço
Neste momento, o debate é a técnica apropriada para apreciar:
- Os métodos de trabalho;
- As relações entre os formandos;
- A articulação entre os subtemas;
- A produção real de conhecimento pelos grupos.
A conclusão pode incluir uma nova problemática.
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Estudo de casos
Utiliza-se o Estudo de Casos quando os objetivos são:
- Motivar
- Desenvolver a capacidade analítica
- Aprender a trabalhar em grupo
- Desenvolver a capacidade de tomada de decisão
Tipos de casos
Estudo de caso de Harvard
As primeiras experiências com o estudo de caso ocorreram na Universidade de Harvard, em Cursos de Gestão (Management). O estudo de caso clássico (Harvard) fornece aos participantes uma história completa de um problema de gestão.
Apoia-se numa situação real e é acompanhado de uma documentação muito completa. Os participantes dedicam algum tempo à preparação da discussão (documentam-se, exploram a problemática, elaboram as questões a debater).
Cada grupo, seguidamente, analisa o caso em pormenor. Procura informação, discrimina os factores que intervêm na situação, identifica o modelo de tomada de decisão.
Finalmente debatem as soluções que se revelam apropriadas na situação. A aprendizagem consiste na análise dos diferentes pontos de vista e das diversas soluções admitidas nos grupos.
Caso Curto
Para obviar ao principal problema do caso de Harvard, o tempo exigido para o seu estudo, pode-se construir um caso mais curto, em que a descrição da situação real é feita em quinze a vinte linhas.
O caso descrito é colocado sob a forma de uma questão a ser respondida pelos grupos. O formador elabora também uma lista de soluções possíveis que inclua o maior número de variáveis de análise.
Análise de incidente crítico
O caso descreve uma ocorrência que exige uma tomada de decisão imediata e, eventualmente, outras decisões a médio prazo. As informações para a tomada de decisão são pedidas ao formador, que as fornecerá verbalmente ou por documentos.
A análise do incidente deve passar por cinco momentos:
- O Incidente – distribuição do caso e leitura pelos participantes;
- O processo de organização das informações pelos formandos;
- A identificação do problema;
- A tomada de decisão. Os formandos apresentam e justificam as decisões que tomariam. Só no final saberío a verdadeira decisão tomada nesta situação real;
- A avaliação da decisão. Os grupos debatem com maior profundidade cada uma das decisões e as suas implicações na vida real. Apontam-se as medidas a implementar de modo a evitar situações – limite.
Casos Múltiplos
Quando se quiser estudar um tema em profundidade, pode-se construir diferentes casos, com diferentes situações articuladas ao tema. Os formandos contactarão deste modo com diversas teorias.
Casos elaborados ou modificados pelo grupo
Pode-se utilizar duas vias para desenvolver competências neste campo:
- O formador fornece um caso-paradigma e pede ao grupo para o modificar de acordo com determinados parâmetros;
- O formador define os objetivos a atingir com o caso e pede ao grupo em formação que construa o caso. Os casos elaborados vão depois ser usados por um outro grupo. O grupo que o elaborou será responsável pela orientação do debate.
Cruzam-se assim as experiências possíveis de um formador: elaborar um caso e testar a sua aplicação pedagógica.
Caso de auto-avaliação
A situação descrita não deve fazer parte das experiências quotidianas dos formandos. O objetivo é avaliar as suas capacidades de avaliação de casos.
Aplicação
- Cada formando lê o caso.
- Responde às questões que o acompanham.
- Em díade (dois a dois) os formandos discutem cada resposta individual.
- O grupo discute, finalmente, as respostas verdadeiras.
Caso avaliação
A situação descrita inclui já uma tomada de decisão ou um comportamento. O objectivo é desenvolver capacidades de avaliação e de juízo crítico perante qualquer decisão.
O caso é acompanhado de uma Tabela de Avaliação da decisão referida no caso. Os formandos devem classificar cada um dos enunciados, com base numa escala de concordãncia.
O debate serve depois para clarificar os pontos de convergência e de divergência no grupo.
Utilização pedagógica do Estudo de Casos
Apresentação do Caso
- O caso pode ser um texto elaborado pelo formador
- Pode ser um filme ou vídeo
- Pode ser uma história, um diálogo, gravado em suporte áudio
- Se souber desenhar, utilize a banda desenhada
Elaboração do Caso
O formador pode redigir um texto, a partir de situações reais, de uma notícia de jornal, de casos-modelo. Importa, depois, que ele seja lido e analisado por outros formadores.
Mas primeiro o formador tem de:
- escolher o assunto a tratar;
- definir os objectivos pedagógicos;
- destacar os pontos essenciais que a situação pedagógica deve contemplar;
- construir uma “história” com todos os elementos que selecionou;
- colocar o caso à discussão com outros formadores;
- elaborar uma lista de perguntas possíveis e outra de respostas prováveis;
- se necessário, reformular o “caso”.
Caraterização de um caso
- Real: extraído de uma situação concreta e verosímil;
- Problemático: tem mesmo de colocar um problema;
- Envolvente: tem de motivar os formandos;
- Polissémico: tem múltiplos significados e permite diversos pontos de vista aquando da análise e resolução;
- Conter vocabulário adaptado e ocorrer num contexto significativo;
- Pedagógico: tem de conter os conteúdos de aprendizagem e os objetivos selecionados
Aplicação
- Distribuir o caso.
- Formar os grupos.
- Estabelecer o tempo-limite para o trabalho de análise e para a discussão.
- Prestar informações aos grupos ou esclarecer pontos obscuros ou omitidos.
- Solicitar as conclusões.
- Orientar o debate de modo a estimular uma discussão profunda.
- Sistematizar as conclusões, relacionando-as com os conteúdos de formação.
Análise crítica ao «Estudo de Caso»
Vantagens do Estudo de Caso: O estudo de casos revela aspetos positivos:
- Personaliza a formação, os formandos envolvem-se individualmente na análise do caso e responsabilizam-se pelas propostas de solução;
- Fomenta a cooperação, desenvolvendo atividades de grupo;
- Desenvolve capacidades comunicativas; uma vez que se aprende a escutar e a argumentar;
- Permite a todos os participantes estudar e tomar consciência das variáveis do comportamento humano;
- Provoca mudanças nos saberes e nas atitudes;
- Traz a realidade para a sala de formação; a situação descrita no “caso” é concisa e real.
Desvantagens do Estudo de Caso: O estudo de caso suscita, no entanto, algumas críticas negativas:
- Não é uma situação experiencial; a solução não é testada e, logo, não se avalia os seus efeitos;
- Exige um formador com muita experiência na técnica do debate;
- É necessário muito tempo para ser eficaz como método de aprendizagem;
- Como não há soluções certas, os formandos podem sentir-se inseguros e frustrados;
- O debate pode ser monopolizado por um formando mais argumentativo;
- Nem todo o tipo de formandos consegue aprender com este método.
Esta técnica é, no entanto, considerada excelente para desenvolver capacidades de análise, de argumentação e suscitar mudanças nos comportamentos sociais.
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Dramatização
Definição de Dramatização
A dramatização (jogo de papéis, role playing) é a teatralização de uma situação real ou inspirada na realidade e que pode ser explorada pedagogicamente.

O jogo de papéis é útil com vista às seguintes finalidades:
- Criar uma situação empática: ao assumir o papel do outro vemo-lo de forma mais próxima, com mais empatia;
- Trazer a realidade social para a sala de formação;
- Desenvolver a capacidade de se exprimir com liberdade e com segurança;
- Resolver problemas num grupo ou contexto organizacional;
- Aprender uma técnica de comunicação.
Utilização pedagógica
Planeamento da Dramatização
- O formador constrói uma situação ou um incidente que desencadeie adesão e fomente as aprendizagens seleccionadas.
- Redige as fichas com as caraterísticas dos papéis que irão ser atribuídos a cada formando.
- Prevê os critérios de observação e elabora uma grelha.
- Negoceia os papéis a desempenhar por cada ator e escolhe o grupo que irá observar.
- Explica sucintamente a situação e como dramatizá-la.
Preparação da Ação
Os Formandos-Atores combinam a forma de levar à cena a situação. O formador pode ajudar.
Representação
Durante a representação o grupo de análise regista as observações.
Análise
Todos os formandos intervêm sobre o assunto representado.
- O grupo de análise faz os seus comentários;
- O formador sintetiza, no final, as conclusões e as soluções para o problema.
Análise crítica à Dramatização como técnica pedagógica
A dramatização tem aspectos positivos a considerar (vantagens da Dramatização):
- Motiva para diferentes formas de expressão;
- Suscita o conhecimento dos formandos entre si;
- Gera climas afetivos e pode conduzir a mudanças nos comportamentos;
- A comunicação total, que está presente no teatro, pode desbloquear situações-problema.
Desvantagens da Dramatização
Quando se utiliza este método convém, no entanto, saber que a dramatização cria climas muito emotivos que podem agravar as relações interpessoais. Não se deve utilizar no início de uma acção de formação porque os formandos não se conhecem e estão mais inibidos.
Teatro e formação
A importãncia atribuída ao teatro como instrumento ao serviço da formação é reconhecida por muitos. Em França, funcionam Companhias especializadas em teatro-formação.
As empresas podem utilizar peças montadas com situações-tipo, ou pedir aos autores que analisem a situação organizacional a resolver e, a partir daí escrevam um guiío.
O próprio processo de escrever a peça desencadeia situações de aprendizagem.
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Simulação
Definição
O método consiste em reproduzir uma situação de trabalho na qual se introduzem o maior número possível de variáveis ou problemas-tipo, no sentido de testar as capacidades técnicas ou os conhecimentos obtidos pelos formandos.
A simulação é frequentemente usada quando a situação de trabalho é perigosa e é necessário treino prévio para a defrontar. Também é usada em muitas outras situações de aprendizagem, quando é imperioso que os formandos obtenham o domínio das técnicas que vão utilizar ou das teorias que irío aplicar.

Os pilotos e os motoristas profissionais aprendem com simuladores. Os Jogos de Gestão são simulações de grande impacto formativo e pedagógico. Na formação de formadores a simulação permite que os formandos tomem consciência das variáveis que intervêm numa situação pedagógica e adotem os comportamentos adequados.
Para aprender tem de se experimentar.
Utilização pedagógica da Simulação
Planeamento da Simulação
- O formador define os objetivos a atingir, os comportamentos a testar, os problemas a resolver com a simulação.
- Cria uma lista de ocorrências e situações anómalas.
- Elabora uma outra lista com os comportamentos corretos ou os conteúdos a transmitir.
- Descreve a simulação.
Preparação
O grupo deve ser informado dos objetivos e do conteúdo da simulação. Escolhe entre si os atores da simulação. Estabelece-se um contrato entre eles se for uma simulação em formação pedagógica. O grupo prepara a simulação.
Análise da Simulação
- A simulação é analisada e discutida por todos os participantes.
- O grupo analisa as duas listas elaboradas pelo formador.
- A simulação pode ser repetida as vezes consideradas necessárias pelo grupo.
Análise crítica da Simulação
Esta metodologia é considerada, entre todas, das mais ativas, envolventes e eficazes. A sua aplicação em formação exige treino e conhecimentos sólidos por parte do formador.
Torna-se desvantajosa se os formandos a encararem, apenas, como avaliação e não como instrumento formativo.
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Brainstorming (Chuva de Ideias)
Definição
O brainstorming é um processo de trabalho em grupo que visa libertar da criatividade dos indivíduos. Pretende-se estimular novas ideias, criando um clima pedagógico informal e dinâmico.
Osborn (1959) descreve este método como gerador de uma imaginação criativa. A base do sucesso do brainstorming é fazer com que o grupo se liberte dos esquemas lógicos do pensamento.
Utilização pedagógica do Brainstorming
Quando se utiliza?
- Quando se necessita de estimular a imaginação.
- Quando se precisa de novas ideias para solucionar um problema.
- Se é necessário formar profissionais criativos.
Caraterísticas do Brainstorming
O papel do formador
- Eliminar os bloqueios: a crítica e a autocrítica, o absurdo, a lógica (as soluções conhecidas são abolidas neste método);
- Motivar o grupo, desenvolvendo um clima de liberdade e informalidade;
- Aplicar técnicas de animação de grupo;
- Formular o problema.

Como se aplica?
Organização de uma sessão:
- o formador formula o problema (Jogo de Papéis, Exposição, Documento escrito) contextualizando-o;
- o formador solicita ao grupo (ou grupos) que apresentem uma solução nova;
- o formador fornece instruções breves: todas as ideias são bemvindas, ninguém critica ninguém, não se expõem ideias já conhecidas;
- registam-se todas as ideias apresentadas.
- selecionam-se as ideias com base em critérios de exequibilidade (o grupo pode decidir outros critérios).
- conclusão: um novo método, um novo produto …!
Análise crítica ao Brainstorming
- A imaginação é um aspecto da psicologia humana a que se dá cada vez maior importãncia. Novos problemas exigem novas soluções.
- O Brainstorming permite neutralizar as inibições que um ensino racionalista e lógico tornou processos oficiais de pensamento.
- O clima pedagógico, gerado pelo método, beneficia as relações interpessoais na formação.
- Aos formadores faz falta uma boa dose de imaginação!
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O Jogo na formação
O jogo pedagógico consiste num «divertimento» com objetivos e finalidades, pelo que não deve ser encarado como uma forma de preencher «tempos mortos» da formação. O prazer e satisfação gerados pelos jogos desempenham um papel preponderante na identificação dos participantes, aumentando a coesão do grupo e criando sinergias que muito facilitam a tarefa do formador enquanto gestor de percursos de aprendizagem.
Os jogos conduzem os formandos a uma participação e a um envolvimento superior aos conseguidos noutro tipo de atividades. O fator competitivo não é alheio a esta realidade, dado que, embora muitas vezes inconfessada, a vontade de «brilhar» através do contributo para a vitória da sua equipa é facilmente detectada.
A observação do desenvolvimento do jogo e da postura dos formandos no início, durante e após o jogo, fornecem ao formador informações de grande valor quer de nível cognitivo, quer de nível afetivo, quer ainda de nível sensório-motor.
Ao vivenciar (em simulação) situações cuja solução terão de encontrar e que dependem das suas capacidades de perspetivar os problemas nas suas múltiplas facetas, os formandos/jogadores tomam consciência de que a sua atuação influencia os resultados finais, o que, normalmente, os leva a alterações profundas das suas atitudes.
O jogo pedagógico não pode, assim, ser encarado como uma estratégia lúdico-didáctica, mas antes como uma forma de trabalhar situações e conteúdos que permitem a consolidação de conhecimentos.
Utilização de jogos na formação
A eficácia dos jogos está diretamente relacionada com o modo como o formador os apresenta aos formandos. Assim, embora normalmente o formador assuma, durante o jogo, o papel de observador, cabe-lhe conduzir os trabalhos.

Não se deve entrar num jogo «a frio». Os formandos devem ser motivados para a atividade, de um modo que propicie o seu envolvimento afetivo. A forma como o formador apresenta a tarefa, realçando o seu interesse e justificando a sua realização, tem um papel preponderante no esforço que os formandos vão desenvolver.
No final de cada jogo deve proceder-se a uma análise e síntese, retirando as conclusões adequadas aos objetivos da formação, de modo a permitir aos formandos uma reflexão sobre o que aprenderam e a facilitar a integração de conhecimentos.
Antes do jogo:
- divulgue a finalidade, o objetivo a atingir;
- organize a sala e agrupe os formandos, se for necessário, evitando situações de tumulto (continue apenas quando tudo estiver em ordem);
- questione os formandos sobre os conhecimentos que têm do assunto e as suas experiências;
- explique, detalhadamente, a atividade, definindo as etapas em que esta será dividida;
- forneça instruções escritas (pode recorrer ao quadro) e esclareça possíveis dúvidas antes de iniciar a atividade;
- defina o tempo de duração do jogo;
- exemplifique, se for necessário.
Durante o jogo:
- Circule pela sala, observando o modo como os trabalhos decorrem.
- Tome notas sobre o comportamento dos participantes (atitudes de cooperação, obstrução, liderança, modo de comunicação, relacionamento entre os participantes, etc.)
- Esteja atento às solicitações, mas intervenha apenas quando solicitado.
- Recorde aos participantes o tempo que lhes resta para a conclusão da atividade (na fase final).
Durante a análise:
- Recolha os testemunhos dos participantes quanto ao modo como decorreu o jogo e as dificuldades que sentiram;
- Coloque questões que levem os participantes a fornecer as informações relevantes para a discussão;
- Questione o grupo sobre atitudes de cooperação e conflito;
- Valorize as informações dos participantes;
- Proíba ataques ou acusações, diretas ou indiretas, a outros formandos;
- Sintetize, no final da discussão, os aspetos abordados;
- Relacione a realização do jogo com os objetivos da sessão de formação e com situações reais do mundo profissional.
Se detetar alguma relutância inicial ou a falta de entusiasmo de alguns formandos perante alguns dos jogos propostos, o formador deve incentivar a sua participação e observar mais atentamente a atuação destes elementos, uma vez que, confrontados com o envolvimento do grupo, estes formandos raramente se mantêm indiferentes e dificilmente fazem o que inicialmente tinham intenção de fazer.
No final do jogo, cabe ao formador (se o grupo não tomar a iniciativa) levar estes participantes à tomada de consciência do seu nível de desempenho.
Adaptar e criar jogos
Nem sempre é fácil encontrar o jogo adequado aos objetivos que pretendemos trabalhar, por isso torna-se necessário proceder a adaptações, ou mesmo criar um novo jogo.
Orientações para adaptar e criar jogos que se adaptem aos seus objetivos enquanto formador:
- Defina o tema que pretende tratar e os objetivos a atingir.
- Reveja os jogos que conhece e que poderiam ser alterados de modo a adequar-se aos objetivos e ao tema.
- Relembre situações, da vida profissional ou pessoal, relacionadas com os pontos a trabalhar no jogo.
- Consulte todo o material disponível, de modo a obter o máximo de informação.
- Organize as informações e ideias de que dispõe.
- Escreva todas as possibilidades que lhe ocorrerem, disporá assim de várias opções para construir o jogo.
- Redija a ficha de jogo.
- Teste o jogo (recorra à colaboração de formadores ou pessoas conhecidas) para avaliar a sua eficácia.
- Proceda a correções, se necessário.
- Utilize o jogo em situação de formação e, se for o caso, altere a ficha de jogo de acordo com os resultados que obteve.
Exemplos de jogos de apresentação
Ao iniciar um curso ou módulo de formação importa estabelecer, desde logo, um clima pedagógico participativo e envolvente. Os Jogos de Apresentação, que se sugerem, foram todos experimentados. Fica ao critério do formador adotar a melhor forma de se apresentar ao grupo.
Jogo dos brasões
Cada um dos participantes terá que desenhar o seu brasão: os traços salientes do seu caráter, os seus interesses e motivações, os seus lazeres, o que espera da formação. Comunicará ao grupo o que quiser, desde que contribua para se dar a conhecer. Após todos os participantes desenharem o seu brasão, cada um vai identificar-se e explicá-lo.
Jogo do Novelo
Material: Um novelo de fio de cãnhamo
Técnica: identificação, através de uma palavra, que traduza o estado de espírito de cada participante, no momento.
Objetivos: o Formador pretende conhecer o estado de espírito do grupo, resolver problemas pela tomada de consciência desse estado de espírito; reforçar laços do grupo, animar o grupo.
Regras: O Jogo começa pelo formador que apresenta o seu estado de espírito no momento, atira depois o novelo (que antes enrolou no seu dedo) a um formando, que descreverá também o seu estado de espírito e assim sucessivamente.
A análise da teia entretanto formada, permite caraterizar o grupo. Pode seguir-se uma análise das caraterísticas evidenciadas pelo jogo.
Jogo do Mapa
Material: Um mapa de Portugal.
Desenhar o mapa ou trazê-lo para a sala. Os formandos a partir do local de nascimento contam a sua história.
Jogo dos Pares
Apresentação de um grupo que não se conhece entre si. A apresentação é combinada fora da sala entre cada par. O formador também se apresenta e realça as experiências mais significativas transmitidas pelos formandos.
Jogo: “Um olhar sobre o outro…”
Se os formandos se conhecem razoavelmente pode-se usar este processo. Cada formando escolhe um outro para jogar. Olhando-o, destaca aspetos positivos e salientes da personalidade desse colega, apresentando-o ao grupo.
Jogo dos Provérbios
O formador escolhe vários provérbios. Cada formando terá uma folha com metade do provérbio e deverá procurar o outro formando, que tem a folha com o resto do provérbio. Apresentam-se a par, depois de se encontrarem.
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