Os métodos pedagógicos são tipificados de acordo com determinadas características como, o papel do formador e dos formandos, o tipo de objetivos e o tipo de competências a adquirir. Saiba como escolher o método mais adequado à sua ação de formação e ao seu grupo.
Tipificação e seleção dos métodos pedagógicos
Um método pedagógico constitui a totalidade de momentos, situações e técnicas de aprendizagem coordenados de forma lógica com o fim de alcançar os objectivos concretos previamente definidos.
O formador não se torna escravo de um método, antes adequa e experimenta vários métodos e seleciona-os de acordo com todas as condicionantes do processo de formação.
Podemos referir a classificação de métodos gerais pedagógicos assente no papel do formador e formando e no tipo de objetivos educacionais.
Atende-se nesta tipologia a critérios como:
- Papel do formador no processo de formação;
- Papel dos formandos nesse processo;
- Grau de autonomia dos formandos;
- Tipo de objetivos;
- Tipo de aptidões/competências a adquirir.
São quatro os métodos pedagógicos mais utilizados na formação:
Critério de seleção dos métodos pedagógicos
Os princípios da Pedagogia de Adultos são fatores essenciais na escolha dos métodos de formação:
- Definição rigorosa do objetivo concreto;
- Caraterização do comportamento prático a atingir;
- Organização metódica da formação nos seus aspetos práticos;
- Responsabilização dos formandos;
- Modificação das relações formando-formador;
- Fomentação do trabalho de grupo.
Estes fatores articulam-se com os fatores intrínsecos do Processo de Ensino- Aprendizagem.
Do ponto de vista do planeamento o formador deve orientar-se pelos seguintes princípios:
- Coerência com as orientações curriculares e de conteúdo que se estabeleceram, nomeadamente no que se refere a conceitos de sujeito e processo de aprendizagem, papel do formador e ambiente, de modo a obter unidade no plano;
- Adequação dos objetivos definidos aos vários níveis e tipologias;
- Adequação à análise e sequência de tarefas de aprendizagem a realizar ou de competências a adquirir pelos formandos, ou seja, os comportamentos finais;
- Coerência com os conteúdos (factos, conceitos, processos, princípios) dado que eles condicionam o tipo de método e as atividades;
- Adequação ao nível de entrada dos formandos;
- Diversificação de modos e meios de aprendizagem, visando a variabilidade de experiências e adaptação individual de cada formando;
- Especificação de métodos relativamente à sua função e caraterísticas;
- Viabilidade de execução nas situações concretas de formação.
A escolha de um método de formação
Um método pedagógico articula-se, de forma consciente, ou não, a um modelo ou teoria da aprendizagem. Os formadores podem sempre optar por um método e não assumirem o modelo de aprendizagem subjacente a esse método. Está neste caso a utilização esporádica de métodos expositivos ou demonstrativos.
A escolha pode decorrer de variados fatores que influenciam a formação. Na análise de uma situação de formação, o formador tem de considerar os objetivos, os conteúdos, os formandos e o contexto.
Os objetivos da formação
O tipo de objetivos que se seleciona para um módulo ou sessão de formação determina uma estratégia de formação. Logo, o formador tem de optar pelo método que melhor se adequa aos objetivos. O método consubstancia, como se afirmou antes, uma situação pedagógica determinada.
A complexidade dos objetivos influencia as atividades a desenvolver. Os objetivos de transferência ou de expressão, apenas atingíveis a médio prazo, resultam de atividades de aprendizagem complexas, implicam situações da aprendizagem pouco diretivas, centradas no formando ou no grupo.
Os conteúdos
A transmissão de conhecimentos ou de tecnologias exige o estudo, pelo formador, da estrutura interna dos conceitos e do seu grau de complexidade. A compreensão de que cada campo do conhecimento tem formas adequadas de aprendizagem pode facilitar a adopção das metodologias corretas. Afirma-se hoje que “quem sabe executa, quem compreende ensina”.
Os formandos
As relações estabelecidas entre formandos e formador e entre aqueles e os saberes, durante a formação, são determinantes para o sucesso desta. O conhecimento de quem são os sujeitos da aprendizagem, o seu ponto de partida, as suas motivações, os seus interesses e o seu estatuto profissional, permite ao formador escolher acertadamente o método.
As realidades apercebidas durante a formação podem modificar as relações pedagógicas e pode impor-se uma mudança de método. O estilo cognitivo de cada sujeito é outra das variáveis da situação pedagógica. não é possível escolher uma atividade que respeite, ao mesmo tempo, cada um e todos os estilos cognitivos dos formandos.
Mas o formador, variando as técnicas e as formas de apresentação dos conteúdos, irá ao encontro dessa diversidade.
O contexto
O exercício da formação depende de condicionalismos variados. As condições materiais, os recursos disponíveis e a própria natureza do curso ou ação de formação, devem ser fatores a considerar na escolha das atividades de formação e, logo, do método pedagógico. Os recursos podem sempre ser reinventados ou construídos pelo formador ou pelas instituições.
Optar por uma metodologia que exige muitos recursos, em que a maior parte dos quais pode estar indisponível no momento, irá pôr em risco a eficácia da formação. A título de exemplo, se a sala e os equipamentos não propiciam uma atividade de simulação (os formandos precisam de espaço, de liberdade de movimentos, de material) não será útil prevê-la.
Será melhor planear uma outra atividade mais apropriada ao espaço, ou mudar de espaço se tal for possível. Não é aconselhável prever uma simulação que, pelo tipo de equipamento ou atividade, ponha em perigo a segurança dos formandos.
O formador
As competências de cada formador e a sua experiência acabam por ser uma componente das situações de aprendizagem. Mas o desenvolvimento de competências e a auto-formação fazem parte do seu trabalho como formador.
Se um formador não tem muita experiência em determinada metodologia, será preferível treinar previamente a sua aplicação com os seus pares. A estrutura da instituição de formação, os progressos científicos e as exigências pessoais de aperfeiçoamento podem suscitar a necessidade de inovações nas metodologias.